São Paulo, domingo, 23 de janeiro de 1994
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O mão-de-ferro

CIDA SANTOS

O equilíbrio é total. A três rodadas para o final da fase de classificação do Campeonato Masculino da Liga Nacional de Vôlei, os times lançam suas armas em busca dos melhores postos. Sete já estão classificados para as quartas-de-final: Banespa, Palmeiras, Frangosul, Fiat/Minas, Nossa Caixa/ Suzano, Telesp e Rhodia/Pirelli. O Flamengo, do único cabeludo da Liga, o atacante Ludwig, disputa a oitava e última vaga com a Unimed e a Cocamar.
De todas as equipes, a que vem chamando mais atenção nas últimas rodadas é o Nossa Caixa/Suzano. No primeiro turno, tropeçou bastante: teve cinco derrotas. No returno deu a volta por cima e agora poucos ousam não colocar o Nossa Caixa entre os favoritos à final. O time é conduzido com mão-de-ferro pelo técnico Ricardo Navajas. Quer um exemplo?
Na semana passada, a equipe foi para Novo Hamburgo enfrentar a Frangosul. A rigidez de Navajas chamou atenção dos jogadores do time gaúcho. Nada de churrascos, conversas em bares ou em casas dos adversários. A filosofia de Navajas é simples: no vôlei, a rede separa os times. Logo, nada de relacionamentos mais íntimos dos seus atletas com os adversários nos dias que antecedem as partidas. Segundo ele, tira a concentração e diminui a rivalidade.
Nas quartas, Navajas não se controla. Xinga, berra, gesticula e sofre. Muitas vezes chega a provocar reações na torcida como no último jogo contra o Banespa. Inconformado com o levantador Leandro que insistia com jogadas que não estavam dando certo, ele pediu novo tempo. Dedo em riste, gritou com o jogador durante todo o pedido de tempo. Uma moça loira chegou a levantar-se da arquibancada para perguntar a um dos reservas do time como eles suportavam tudo aquilo. Resposta: estavam acostumados.
Nas semifinais do Campeonato Paulista, no jogo contra o Pirelli, a reação veio de dentro do time. Em um pedido de tempo, Navajas gritou com Leandro. Josenias não gostou e discutiu com o técnico. Houve até um certo empurra empurra. Final de partida, técnico e jogador tiveram uma conversa e se acertaram. Navajas conta que Max, –atleta do Suzano na temporada passada–, o chama de "horse", cavalo em inglês. Ele não reclama. Até gosta do apelido porque sabe que com seus métodos tem conseguido levar seu time ao pódio. E em esporte, parece que é isso que importa.

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