São Paulo, domingo, 23 de janeiro de 1994 |
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Compra de imóveis: qualidade de preços x qualidade de vida
BERND RIEGER Exigir qualidade é a forma de se evitar futuras dores de cabeçaO setor da construção civil está passando e deve concluir, nos próximos anos, um processo de mudanças do qual depende a sobrevivência das empresas que o compõem: a busca da qualidade. Quem não se inserir no contexto da qualidade total até o final do século certamente não terá espaço em nosso mercado. Esta não é uma das lições aprendidas durante a recessão. Não só o volume de negócios diminuiu como os consumidores estão muito mais ciosos de seus direitos. Mais bem informado, o consumidor não quer mais pagar a conta da ineficiência dos fornecedores. Tradicionalmente, o setor da construção lida com elementos em que as perdas são altas. Quando afirmo isso, tenho em mente não a qualidade de materiais, mas os métodos de execução utilizados, que muitas vezes induzem ao desperdício. O perfil da indústria civil no Brasil –em que existe uma grande descentralização geográfica– dilui a atividade. Não existe ainda uma padronização normativa como base de fabricação industrializada e o grau de mecanização do setor ainda é incipiente, em comparação com países do Primeiro Mundo. Mas se esses fatores têm relação direta com o desperdício, não são os únicos a causá-lo. Nesse momento, é importante lembrar que o gasto a mais com mão-de-obra ou material é pequeno se comparado com o desperdício causado pela inadequação de um projeto às necessidades de seus usuários. Muitas vezes o comprador paga pelo que não precisa ou não quer simplesmente porque ninguém perguntou quais são suas reais necessidades. Durante muito tempo o mercado de imóveis lidou com seus consumidores com ferramentas de varejo, tornando-os vítimas das ofertas de mercado. Com isso, perdeu-se a noção de que o ato de compra de um imóvel deve satisfazer as necessides do comprador. Exigir qualidade é a forma de se evitar dores de cabeça futuras. Dentro desse contexto, a auditoria técnica e o gerenciamento de obras adquire uma importância fundamental. Afinal, a proposta dessa atividade é diminuir custos mantendo a qualidade, o que é possível através da racionalização do projeto. O primeiro passo para isso é perguntar: qual o objetivo do projeto? O segundo: como atingir esse objetivo, aumentando a utilidade para o usuário e diminuindo o custo da construção? Em países do Primeiro Mundo, essas questões são respondidas através da análise de valores, técnica que começa a impôr-se também no mercado brasileiro. Questione-se quanto ao que você realmente precisa. Ao adquirir um imóvel você paga pela área total oferecida, inclusive com elementos e sistemas de apoio que eventualmente você não precisa ou não tem utilidade para você. Certifique-se de que esse espaço tem a adequada utilidade para você. Afinal, o ponto de partida para projetos adequado é simples: sua utilização prática. Quando o uso é similar, sempre existe um denominador comum que viabiliza soluções. Trata-se de uma nova forma de encarar a indústria civil que requer ajuda profissional. Assim, você estará racionalizando projetos e não pagamentos –esse é o caminho para a construção do futuro. Texto Anterior: URV pode ser usada para conversão dos contratos Próximo Texto: Imobiliária adota sistema eletrônico Índice |
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