São Paulo, domingo, 23 de janeiro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Escolas de sereias

HELOISA HELVECIA

escolas de SEREIAS
beleza
Mar, piscina, cachoeira. Quem pode, vira peixe no verão. Nadar, caminhar ou simplesmente se movimentar dentro d'água é excelente para ficar em forma. Mas ficar bonita nessa vida anfíbia também exige atenções especiais. É preciso se defender do cloro e do sal, que agridem a pele e os cabelos. A água pura não faz mal a ninguém, a de piscina nada traz de bom. O cloro é necessário para eliminar germes nocivos, mas age como um detergente sobre o corpo. Já a água do mar contém minerais como o magnésio e o zinco, que atuam beneficamente sobre a pele. O sal ativa a circulação, o que combate inchaços e microvarizes. Só que também causa ressecamento. O melhor é tomar um belo banho assim que sair da praia ou da piscina. Outro perigo da água: reflexo na superfície concentra os raios solares, multiplicando seus efeitos. A sereia pode estar fritando sem perceber, mesmo sob um banho geladinho. Leia abaixo o que fazer antes e depois daquele mergulho, para tirar o máximo dos prazeres aquáticos.
–Claudia Moraes
PELE – Antes de mergulhar, não esqueça o protetor solar. Dentro d'água, o filtro deve ser reaplicado com mais frequência. Evite produtos à base de gel, que dissolvem na água. Fora d'água, reaplique o protetor, já que vários princípios ativos são hidrossolúveis. Tome um bom banho para tirar qualquer resíduo de sal ou cloro. Aplique em seguida um creme hidratante para combater o ressecamento.
CABELO - Os mesmos elementos que agridem a pele também ressecam os cabelos. Passar óleo ou creme durante o mergulho não ajuda a protegê-los. O melhor é lavá-los sempre com um xampu neutro e aplicar um bom condicionador, que deixe uma película protetora nos fios. Remediar os estragos é impossível: a tesoura é a solução. Nos cabelos molhados, use apenas pente de dentes largos. Escova é proibido. Nunca prenda os cabelos ainda úmidos: a água diminui a resistência dos fios e qualquer elástico ou fivela podem arrebentá-los. O melhor é deixá-los soltos.
COSMÉTICOS - Nada de bancar Esther Williams, a sereia de Hollywood que mergulhava toda maquiada nos antigos musicais. O ideal é manter a cara limpa e tirar o melhor partido da cor natural da pele. Exceções: os produtos que agem como protetores. Batons com filtro solar e hidratante são ótimos para defender os lábios contra o ressecamento e o sol. Esmalte de boa qualidade avita o problema das unhas quebradiças, que tende a se agravar com o cloro e o excessivo contato com a água.
saúde
Um pulo n'água é um salto de saúde: esfria a cabeça e esquenta o físico. As folias aquáticas só pedem alguns cuidados mínimos com órgãos dos sentidos. Antes de mergulhos despretenciosos – até dois metros de profundidade –, é bom pingar uma gota de óleo (de amêndoas doces ou o Johnson mesmo) em cada orelha. A água acaba removendo toda a cera do ouvido que, sem a proteção natural, fica mais suscetível a inflamações. Mergulhos mais profundos pedem tampões de ouvido. Quem pratica o esporte sabe, mas não custa prevenir os aventureiros: lançar-se a grandes profundidades sem protetor é arriscar-se a uma lesão da membrana timpânica. Significa comprometimento da audição.
Quando sobra aquela sensação desconfortável de água dentro do ouvido, entra em cena a coreografia do banhista: saltite com a cabeça inclinada para um lado e para outro. Ou aperte lentamente a mão aberta sobre o ouvido e depois puxe, forçando a saída de água por pressão. Ou pingue uma gotinha de álcool dentro da orelha, para ajudar a evaporação. Nada de cotonete, que empurra a água ainda mais para o fundo.
Quem gosta de manter os olhos abertos até dentro d'água deve usar óculos de natação: protege o patrimônio de alergias e irritações. Antes de comprar um, repare na transparência das lentes e na vedação. Óculos de mergulho podem ser adaptados para lentes de grau e apenas esses pares vão à praia e ao clube. Lentes de contato, nem pensar. Microorganismos e fungos que ficam na água podem se instalar nas lentes e causar infecções. Isso sem falar nas chances de machucar o olho. Se os olhos estão vermelhos, visite o oftalmologista antes do primeiro mergulho. O médico pode detectar alergias ou inflamações contagiosas, como conjuntivite.
De resto, piscinas e mares são vetados apenas a pacientes que passaram por cirurgias recentes de olhos. Cardiopatas também são aceitos na escola de sereias, mas só para relaxar, sem nenhuma estripulia. Asmáticos caem de cabeça no verão, exceto em temperaturas muito frias, que estimulam as crises. E os hipertensos que mergulhem e nadem quanto quiserem – mas não valem exercícios de força.
FONTES: MARIA DE FÁTIMA LIMA PEREIRA (ESTETICISTA DO CENTRO DE TECNOLOGIA EM BELEZA DO SENAC); MARIA LUIZA RIBEIRO DA COSTA (ESTILISTA EM CABELO/SENAC) E HÉLIO SASSAKI (PROFESSOR DE MAQUIAGEM/SENAC)
FONTES: ANTONIO SERGIO TEBEXRENY (CARDIOLOGISTA, ESPECIALISTA EM MEDICINA ESPORTIVA, SUPERVISOR CLÍNICO DA ACADEMIA PHISIS); ARNO RUY FISHER (ALERGISTA, OTORRINOLARINGOLOGISTA); ONIVALDO CERVANTES (OTORRINOLARINGOLOGISTA, PROFESSOR ADJUNTO DA ESCOLA PAULISTA DE MEDICINA); EMÍLIO DE HARO MUNOZ (OFTALMOLOGISTA)

Texto Anterior: O Havaí de todo mundo é logo ali
Próximo Texto: Hip Bop desembarca na cidade
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.