São Paulo, domingo, 23 de janeiro de 1994
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Veja como enfrentar a 'ressaca' nas vendas

NELSON ROCCO
DA REPORTAGEM LOCAL

Para minimizar os prejuízos com a tradicional "ressaca" de vendas dos meses de janeiro e fevereiro, os pequenos comerciantes estão apostando em decontos e promoções. Vale tudo, desde parcelamento em duas, três ou quatro vezes sem acréscimo, descontos que chegam a 50% sobre o preço à vista, anúncios em jornais e revistas e oferta de brindes.
Quem ainda não escolheu suas "armas" não pode perder tempo, principalmente nos setores de roupas e calçados –que registram tradicionalmente os piores resultados (veja quadro ao lado). O Shopping das Meias, na rua Oscar Freire, nos Jardins, por exemplo, está parcelando qualquer compra em quatro pagamentos quinzenais. Com isso, tem conseguido manter as vendas em cerca de 50 peças por dia. "Em dezembro, vendíamos entre 150 e 200", diz Josephina Beraldi, 60, gerente.
A Pérola Negra Calçados, no Itaim Bibi, é outra que entrou em promoção no dia 10 de janeiro. Qualquer mercadoria é vendida em dois ou três pagamentos. Para compras à vista, a loja oferece 15% de desconto e aceita cartões de crédito sem acréscimo. Bernadete Alves dos Santos, gerente, diz que as vendas melhoraram com a liquidação. Por dia, saem de 20 a 25 pares de sapatos, a metade de dezembro.
A loja de confecções femininas Sueli Censini, do Shopping Iguatemi, manteve os preços da coleção verão iguais aos de dezembro. Além disso, toda a linha básica da loja pode ser paga em duas vezes. Sílvia Misrahi, assessora de moda, diz que a promoção tem mostrado resultados. "As pessoas vêm comprar alguma coisa e acabam levando uma peça da promoção, devido ao preço baixo."
Telefonar para os clientes ou enviar correspondências informando de promoções e novos produtos que chegaram à loja são técnicas pouco usadas pelo comércio, mas que podem trazer bons resultados. Sidnei Docal, consultor da Associação Comercial de São Paulo, diz que para enfrentar a queda nas vendas, é preciso ser agressivo.
Ele sugere que as empresas de pequeno porte adotem práticas comuns às de grande, como manter um cadastro atualizado dos clientes, com informções sobre seus hábitos de consumo, e usar esses dados para contatos por telefone ou por correspondência. "É preciso começar a pensar a longo prazo", diz.
Melhora
As vendas no comércio em São Paulo, nos primeiros dias de janeiro, revelam uma ligeira melhora em compraração às do ano passado –considerado o pior mês desde 79. Dados da Associação Comercial de São Paulo mostram que as consultas ao sistema Telecheque (vendas à vista) somaram 356.433 contra 316.9o6 em 93.

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