São Paulo, sexta-feira, 28 de janeiro de 1994
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Gafe habitacional

Miguel Tebar, ex-secretário da Administração de São Paulo, era diretor de Habitação da Caixa Econômica Estadual em 88. Certo dia, foi a uma cidade da região de São José do Rio Preto para a cerimônia de entrega de casas populares. No palanque, estavam o prefeito e autoridades locais.
Em seu discurso, o prefeito elogiou muito a Caixa, mas enalteceu mesmo o proprietário das terras em que as casas haviam sido construídas. Deu a entender que, num belo gesto, o homem havia cedido o local de graça.
Na sua vez de falar, Tebar não teve dúvidas: mesmo sem nunca ter ouvido falar do proprietário, aproveitou a linha do prefeito e passou a destacar a atitude do benfeitor. Disse que aquilo era exemplo de cidadania.
O que Tebar não entendeu foi a frieza com que os discursos foram recebidos. Nem ele nem o prefeito foram aplaudidos. No carro que o levava de volta ao aeroporto, comentou isso com o gerente local da Caixa. E logo soube a razão:
– Sabe, dr. Tebar, as terras foram desapropriadas pela Prefeitura e o proprietário, muito querido na cidade, se suicidou.

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