São Paulo, quinta-feira, 6 de outubro de 1994 |
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Guerra santa
NELSON DE SÁ
É o que os tucanos estão dizendo, na televisão e no rádio. Mas a televisão e o rádio não parecem acreditar mais e já citam Francisco Rossi como um ``fenômeno" certo para concorrer com o tucano, em nova rodada. Um fenômeno mais religioso do que político. Ele era descrito ontem como alguém que ``usou a Bíblia como cabo eleitoral", na Cultura, e ``sempre cita `Deus, o Senhor é meu pastor, nada me faltará'," na Bandeirantes. Ao que disse seu assessor de imagem, Francisco Malfitani, o mesmo que ajudou a eleger Luiza Erundina para prefeita de São Paulo, não é por aí que vai a nova estratégia de Rossi, agora. Ele falou ontem ao Rede Cidade. – Como vai ser a nova campanha, no segundo turno? Vai ser uma campanha voltada para os evangélicos, também? – Não. Primeiro, o Rossi não falou o tempo inteiro para os evangélicos. Agora, a campanha, sabe como é que vai ser, no segundo turno? No primeiro turno, o Rossi tinha 1min59s na televisão, o mesmo tempo do Ciro Moura, do Brigadeiro Dutra e do resto. Agora vamos ter quinze minutos no horário nobre, sem ter a eleição presidencial para atrapalhar. Também sem ter Leonel Brizola para atrapalhar. A euforia do assessor era tanta que fez pouco de um possível apoio. ``Se caciques tivessem voto, quem estaria neste segundo turno seria o Medeiros, ou o Barros Munhoz." Enquanto cresce o fantasma de Francisco Rossi, a ponto de o âncora Boris Casoy afirmar que ele ``parece o Collor", os assessores tucanos seguem torcendo ou sonhando com votos do interior, evitando pensar em derrota. Quando acordarem, se acordarem, é bem capaz de entrar em cena, finalmente nesta eleição, a Igreja Católica. PFL e PTB Jorge Bornhausen, do PFL, apareceu para dizer que Fernando Henrique é quem vai decidir, e que não tem essa de pressionar por cargos. Andrade Vieira, do PTB, também surgiu irritado, com a mesma história, negando a exigência de pasta. No Jornal Bandeirantes, veio a explicação. Estão dizendo a verdade. No momento a pressão é só para impedir que os ministérios tornem-se secretarias, ligadas ao Palácio do Planalto, ao presidente. Se não der certo, sempre restam as estatais, por consolo. Texto Anterior: Petistas buscam Brizola de olho no 2º turno Próximo Texto: Eleição favorece América do Sul Índice |
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