São Paulo, quinta-feira, 6 de outubro de 1994
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General chora em enterro

DE WASHINGTON

O líder da junta militar do Haiti, general Raoul Cedras, chorou ontem durante enterro de dez soldados haitianos mortos por tropas dos EUA há dez dias na cidade de Porto Haitiano, no norte do país.
Cedras foi acusado pelo seu ex-colega de junta, tenente-coronel Joseph Michel François, de não ter cumprido com ``o fundamental dever de defender, acima de tudo, os mais altos interesses do país".
François deixou o Haiti e foi para a República Dominicana. Cedras e o outro membro da junta, general Philippe Biamby, prometem permanecer no Haiti, mesmo depois do retorno do presidente deposto, Jean-Bertrand Aristide.
No funeral dos soldados, Cedras, Biamby e o presidente de fato do país, Emile Jonassaint, permaneceram em silêncio.
Os corpos haviam sido enterrados por norte-americanos em sacos de plástico, após a batalha.
A pedido de Cedras, foram exumados por militares dos EUA e devolvidos ao governo dos EUA para serem sepultados com honras militares. Cada caixão estava coberto por uma bandeira do Haiti.
O governo dos EUA pressiona Cedras e Biamby para também deixarem o Haiti depois da volta de Aristide. Cedras deseja candidatar-se à sucessão de Aristide no ano que vem.
Numa carta endereçada a Cedras, François, considerado o mais brutal integrante da junta, afirma que não participou das negociações que permitiram a ocupação pacífica do Haiti por tropas dos EUA há 17 dias.
``A história terá muito o que reprovar naqueles que permitiram a entrada das tropas dos EUA no Haiti", escreveu François, que foi o chefe de polícia de Porto Príncipe por três anos a partir de 1991.
Nesse período, François, que era delegado de polícia antes do golpe que derrubou o presidente Aristide, se tornou um homem rico. Ele possui luxuosa casa em Santo Domingo, onde se estabeleceu anteontem.

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