São Paulo, quinta-feira, 6 de outubro de 1994
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Governo entra em choque com juiz na Itália

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Declarações de um promotor, que insinuou que o premiê Silvio Berlusconi poderia ser investigado por corrupção, desencadearam ontem um confronto entre os juízes da Operação Mãos Limpas e o governo italiano.
O promotor-chefe de Milão, Francesco Borrelli, disse que as investigações de irregularidade na TV por assinatura Telepiu poderiam atingir "altos escalões em círculos políticos e financeiros".
As declarações foram publicadas ontem pelo jornal "Corriere della Sera". O grupo Fininvest, de propriedade de Berlusconi, tem 10% das ações da Telepiu.
O magistrado atacou também o ministro da Justiça, Alfredo Biondi, que apresentou ontem sua renúncia. No dia anterior, Biondi havia questionado os métodos dos juízes da Operação Mãos Limpas, de combate à corrupção.
A renúncia foi rejeitada e Biondi voltou atrás após reunião com Berlusconi e com o presidente italiano, Oscar Luigi Scalfaro.
O anúncio da saída de Biondi provocou queda na Bolsa de Valores de Milão e na cotação da lira.
O porta-voz do governo, Giuliano Ferrara, disse que }não há magistrado que possa fazer insinuações difamatórias contra o governo, ao estilo de um mafioso. Ele disse que Borrelli será processado.
Na noite de ontem, Borrelli disse que "se ele (Berlusconi) não tiver nada a ver com isso, então não corre nenhum risco".
Ele afirmou que não está prevista nenhuma investigação que envolva diretamente o premiê.
Berlusconi também enfrentou ontem um protesto de trabalhadores contra o desemprego, diante de seu escritório em Roma.
Pelo menos 15 pessoas, entre policiais e manifestantes, foram atendidas em hospitais da cidade com ferimentos leves.
Craxi
O ex-líder do Partido Socialista italiano, Bettino Craxi, deixou um "tesouro" de 15 quilos de ouro guardado em uma caixa de segurança no aeroporto de Genebra.
A informação foi dada ontem pelo juiz Antonio di Pietro, responsável pelo processo em que Craxi é acusado de receber propinas da empresa química Enimont.
O ouro teria sido comprado com parte dos US$ 18 milhões que Craxi tinha em uma conta na Suíça. O ex-premiê se encontra foragido na Tunísia.

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