São Paulo, sexta-feira, 7 de outubro de 1994
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FHC volta a pregar governo forte; tucano atuará no 2º turno em SP

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em sua primeira entrevista após a eleição, o virtual presidente eleito, Fernando Henrique Cardoso (PSDB), fez a defesa de um governo centralizado.
``Os ministros são auxiliares do presidente", disse FHC defendendo o esvaziamento da Esplanada dos Ministérios. Ele quer criar instrumentos de informação para controlar as pastas.
O possível instrumento seria uma nova Secretaria do Planejamento, ligada ao presidente e com a tarefa de coordenar os ministérios. Acenou com a criação de uma assessoria especial da Presidência para este trabalho.
O tucano também pretende fortalecer o papel do presidente na política internacional. Com uma bandeira do Brasil de pano de fundo, o tucano falou como presidente eleito.
Chegou a elogiar a ``biografia política" de Leonel Brizola (PDT), que o acusou de ser o representante do poder econômico. ``As urnas são cruéis", disse o tucano sobre Brizola. FHC também elogiou o seu adversário mais próximo, Luiz Inácio Lula da Silva.
FHC fez elogios rasgados ao presidente Itamar Franco. Chegou a dizer que era ``devedor" do presidente. O tucano expôs a continuidade ao afirmar que ``as equipes" que o auxiliarão no trabalho ``já estão no governo".

Reforma
O virtual presidente eleito disse que deve reduzir o número de ministérios. A sua reforma administrativa passa pela centralização das políticas de governo no Planalto.
O novo presidente não evitaria demitir servidores se fosse necessário, mas acha que isso não tem relação direta com a extinção de ministérios.

Cargos
Sobre a distribuição de cargos, FHC disse não aceitar imposições de partidos ou de regiões para compor o seu ministério. ``Cabe ao presidente a responsabilidade de indicar seus auxiliares", disse.
Nos últimos dias, FHC já sofreu pressão de líderes do PFL, PP e PTB para lotear ministérios de acordo entre os aliados.

Reeleição
FHC disse que a reeleição para presidente da República seria inviável no Brasil. Ele lembrou que o presidente candidato ``tem que ter segurança do Estado. Ele se desloca em aviões do governo. Como é que faz? Quanta matéria!"

Segundo turno
Fernando Henrique decidiu atuar no segundo turno das eleições estaduais. O assunto foi discutido ontem no apartamento de FHC, em uma reunião com a cúpula da coligação que o elegeu (PSDB-PFL-PTB). A reunião antecedeu a entrevista.
Ele pretendia não se envolver diretamente em nenhuma disputa, esperando assumir uma posição de ``magistrado" durante o processo.
Mas a possibilidade de o tucano Mário Covas disputar o segundo turno em São Paulo contra Francisco Rossi (PDT) obrigou FHC a refazer seus planos.
``Tenho o dever de solidariedade com o Covas", disse FHC.

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