São Paulo, sexta-feira, 7 de outubro de 1994
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O acordo CUT-Itamar

O acordo entre a CUT e o governo Itamar Franco para pôr um fim à greve dos petroleiros deve ser analisado com cautela. É verdade que o presidente da CUT, Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, ao aceitar para os petroleiros o índice de 13,54% de reajuste, mesmo que diga que as negociações prosseguem, revela o quão absurda era a demanda de 108% de reajuste mais 10% de produtividade. É igualmente verdadeiro que o presidente Itamar Franco acabou fazendo algumas concessões. Ainda assim, o saldo do acordo parece positivo.
De fato, a paralisação dos petroleiros era equivocada ``ab ovo". Os grevistas descumpriram a exigência de manter ativos pelo menos 30% do pessoal para não comprometer o abastecimento, tornando assim toda a sociedade refém de exigências de uma categoria específica.
De qualquer forma, o acordo enfim celebrado entre Itamar e Vicentinho teve o grande mérito de afastar o risco que um eventual prolongamento da greve representaria de trazer uma crise de abastecimento de produtos absolutamente vitais para o país, do óleo diesel ao gás de cozinha, itens que se relacionam com a própria sobrevivência física da sociedade.
Ainda assim, o saldo para a sociedade é bom: os trabalhos dos petroleiros foram retomados, o fantasma do desabastecimento foi afastado, os dias parados serão, mal ou bem, descontados e, principalmente, o sindicalismo e o governo deram sinais de que estão hoje mais maduros.

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