São Paulo, sábado, 8 de outubro de 1994
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Frente ampla

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Lula demorou, demorou um ano, mas afinal aceitou aliar-se aos tucanos, ontem. Nas declarações selecionadas pela Globo, da entrevista coletiva dada pelo petista derrotado:
– Eu defendo que o PT deva participar do processo (...) Eu defendo que o PT participe do processo (...) que o PT não fique fora do processo.
Claro, falava do segundo turno em São Paulo, do apoio a Mário Covas, o que deixou evidente em trecho citado no SBT, dizendo ser preciso ``levar em consideração o passado político de Covas".
Apoio, afinal. Aquele apoio que quase saiu para o primeiro turno e que poderia ter mudado o rumo da eleição para presidente e a própria história do país.
Mas a história foi outra, Lula perdeu e agora cede ao que é óbvio, ao que o próprio candidato petista em São Paulo, José Dirceu, indicava ontem na Cultura, falando sobre Francisco Rossi:
– Ele é um falso profeta. Fez uma péssima administração em Osasco. É um conservador, um homem de direita. Apoiou a ditadura militar, apoiou Paulo Maluf.
Por falar do prefeito, nada impede que ele integre a frente ampla de Mário Covas, que vai virando unanimidade contra a ameaça divina do pastor de Osasco.
Uma unanimidade que torna amigos os inimigos de há pouco, como o presidente Itamar, que ainda ontem elogiava, na CBN, a entrevista de Lula, descrito por ele como ``elegante".
Itamar e Lula, Fernando Henrique, de quem ``Covas vai receber tratamento especial", os pefelistas que já estavam na coligação, os petebistas que entraram depois, metade dos peemedebistas, talvez os malufistas.
Não falta ninguém. O que é bem melhor do que parece, mas para o outro.

Diretório
Por outro lado, é bom lembrar que Lula defende Covas, mas deixa a decisão para os atuais donos do partido. Foi o que fez antes, é o que faz agora, como evidenciou, na mesma entrevista:
– Não me pergunte quem nós devamos apoiar ou não (...) É uma discussão que o diretório vai fazer e vai fazer de acordo com a conjuntura política estadual.

Cotidiano
Passou despercebida, porque não é no Rio e porque ainda ecoa a eleição. Mas houve outra ``chacina" de periferia no Brasil, manchete no Aqui Agora, nos telejornais locais, nas rádios.
Foram seis mortos, ``todos eles com tiros na nuca", em Franco da Rocha, mesma cidade de outra ``chacina na semana passada", com outros três mortos.

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