São Paulo, sábado, 15 de outubro de 1994
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PSDB negocia programa de Covas com PT

CLÓVIS ROSSI
DA REPORTAGEM LOCAL

O PSDB paulista lançou ontem algumas apetitosas iscas na tentativa de pescar o apoio do PT a Mario Covas para o segundo turno da eleição estadual.
Em encontro com Arlindo Chinaglia, presidente estadual do PT, o vice na chapa de Covas, Geraldo Alckmin, também presidente do PSDB paulista, abriu para o PT a possibilidade de colaborar na elaboração do programa.
Mais: defendeu investimentos maciços em educação, saúde e na geração de empregos, além de ter silenciado quando foi questionado sobre privatizações das empresas de energia elétrica do Estado e dos bancos estaduais (Banespa e Nossa Caixa/Nosso Banco).
O PT se opõe seja à privatização pura e simples seja a uma fusão entre as duas instituições estatais de crédito.
Embora não tenha havido qualquer tipo de definição, a avaliação de parte a parte foi positiva. ``Ele defendeu valores com os quais estamos de acordo", diz Chinaglia.
``Foi um passo importante até no sentido da maturidade, do exercício de política partidária que, na democracia, deve ser feita obviamente pelos partidos", reforça Alckmin.
O PT também considerou positivo o fato de o PSDB ter se definido pela ``democratização das relações com os prefeitos".
Traduzindo: os petistas queixam-se de que os governadores paulistas têm discriminado os prefeitos do partido, coisa que Alckmin garantiu que não ocorrerá em uma eventual gestão Covas.
Tal como a Folha já havia antecipado, tratou-se também do papel que o futuro governo reservará aos chamados movimentos populares, os grupos que batalham por mais verbas para educação, saúde, habitação etc e nos quais o PT tem forte implantação.
Mas definição mesmo, nada. Chinaglia relatou a Alckmin que há quatro correntes no PT: uma é contra apoio a Covas ou a Francisco Rossi (PDT); outra veta Rossi e prefere que o voto dos militantes seja liberado; uma terceira prega a liberação pura e simples; e a quarta defende o apoio a Covas.
Alckmin, com todo o cuidado diplomático, deixou claro que quer a militância do PT na campanha de Covas, mas entendeu que a decisão petista percorrerá os habituais caminhos deliberativos, geralmente demorados.
O processo começa neste fim de semana, com a reunião do Diretório Regional petista, após o que Chinaglia e Alckmin voltarão a se reunir para uma conversa eventualmente mais conclusiva.

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