São Paulo, sábado, 15 de outubro de 1994
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Fraude afeta legitimidade, diz procurador

ROBERTO MACHADO
DA SUCURSAL DO RIO

O procurador regional eleitoral do Estado do Rio, Alcyr Molina, defendeu ontem a recontagem parcial dos votos nas eleições proporcionais do Estado.
Segundo ele, as fraudes verificadas na Baixada Fluminense e na zona oeste ``comprometem a legitimidade do pleito".
Para Molina, as fraudes atingiram ``números alarmantes" e são indícios suficientes para que o TRE (Tribunal Regional Eleitoral) determine a recontagem parcial.
``É impossível saber se a vontade do eleitor será respeitada no Rio. A representação popular foi atingida" disse Molina.
Para ele, ``a melhor punição para os políticos fraudadores é a recontagem dos votos, e depois a eliminação dos corruptos da lista dos eleitos. É a maior porrada que pode ser dada."
O procurador levantou suspeitas sobre alguns dos candidatos mais votados para a Assembléia e para a Câmara dos Deputados. ``Você pega esses 20 primeiros colocados para deputado estadual e federal. Uns cinco ou seis, sem fraude, baixam para 30º", disse.

Divergência
Já o corregedor do TRE, Paulo César Salomão, é contra a proposta de recontagem parcial dos votos. ``O Molina devia se preocupar em identificar e cassar os fraudadores", afirmou Salomão.
``Eu não vi a promotoria nas juntas, ao lado dos juízes, que estão sendo ameaçados", disse o corregedor. ``Depois de tudo apurado, vão aparecer os heróis."
Salomão disse que foram detectadas ``fraudes de todos os tipos: na votação, na contagem dos votos e, a principal, através de modificações dos boletins de urnas".
Apesar de a Procuradoria ter a prerrogativa legal para pedir a recontagem dos votos, para Molina esta iniciativa ``deve ser proveniente dos partidos políticos".
``Os partidos têm a obrigação de pedir a recontagem, garantindo a lisura do pleito", afirmou.
O corregedor-geral eleitoral do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Cid Fláquer Scartezzini, afirmou ontem que o problema das fraudes no Rio causou ``uma certa delonga" no processo de apuração.
``Mas não temos exigências de prazo, queremos que se garanta a legitimidade das eleições", disse.

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