São Paulo, sábado, 15 de outubro de 1994 |
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Lojistas temem falta de produtos no Natal
MCH E FF
As lojas que pretendiam reforçar estoques para o Natal terão de se contentar em trabalhar com suprimento apertado. A Loja Cem, por exemplo, encomendou no mês passado 3.500 peças entre fogões, geladeiras e máquinas de lavar da Brastemp. Recebeu apenas 2.600. A G. Aronson enfrenta o mesmo problema. Em setembro, a loja encomendou 6.000 unidades da marca Brastemp. Foi informada que só vai receber 2.000 peças. Segundo Girsz Aronson, dono da empresa, a Consul também vai entregar menos do que o pedido. A rede de lojas encomendou 5.000 peças, mas deve receber 1.000. ``No meu armazém dá para jogar futebol", diz Aronson, referindo-se à falta de geladeiras, máquinas de lavar, freezers etc. Segundo Natale De La Vecchia, dono da rede Cem, com 49 lojas no Estado de São Paulo e sul de Minas Gerais, o racionamento nas entregas começou em setembro. A Brastemp, diz De La Vecchia, calculou a média de compra mensal da sua empresa no período de janeiro a julho. Sobre o volume médio, deu um adicional de 30%, correspondente ao aumento da produção da fábrica. ``O aumento no consumo foi brusco depois do real. Toda a cadeia produtiva não reagiu tão rapidamente quanto a demanda," afirma Freddy Mastrocinque, diretor-superintendente da Multibrás, que reúne as marcas Brastemp, Consul e Semer. A partir de agosto, diz ele, a Multibrás aumentou entre 30% e 40% a produção e escolheu a estratégia de cálculo da média de vendas para poder atender boa parte dos clientes. ``Os lojistas querem fazer estoque porque temem a falta de produtos no Natal. O volume de pedidos chega, em alguns casos, a ser até 70% maior." Na análise de Mastrocinque, o consumo de eletrodomésticos aumentou entre 30% e 40%, desde a entrada do real. Maílson da Nóbrega, ex-ministro da Fazenda, atualmente consultor da MCM, diz que o racionamento nas entregas de mercadorias está sendo adotado pelas grandes indústrias de linha branca. ``É um avanço nas negociações entre a indústria e o comércio e evita que os lojistas façam pedidos especulativos. Isto nunca aconteceu em outros planos." Se as fábricas produzirem tudo o que o comércio está pedindo, vai sobrar muita mercadoria, afirma Antônio Mafuz, proprietário da rede Mafuz, com 53 lojas de móveis e eletrodomésticos. Preços Uma pesquisa feita pela MCM no varejo revela que os preços dos eletrodomésticos subiram 4%, em média, na primeira quadrissemana de outubro, em São Paulo. Até então, a pesquisa semanal mostrava aumentos semanais próximos da inflação. Isto, segundo Nóbrega, revela que ainda não há pressão de custos na fabricação dos produtos. ``O que indica é que há descompasso entre a velocidade do consumo e da produção da indústria." Segundo De La Vecchia, em outubro, os aumentos de preços da indústria de móveis, eletrodomésticos e eletrônicos subiram 4%, em média. ``Estou repassando integralmente para os preços dos meus produtos." Texto Anterior: Cesta básica fecha a semana com aumento de 0,18% em SP Próximo Texto: Lupo não aceita encomendas Índice |
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