São Paulo, sábado, 15 de outubro de 1994
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Dólar desaba mesmo com leilões do BC

FIDEO MIYA
DA REPORTAGEM LOCAL

As cotações do dólar comercial entraram em queda livre ontem desde a abertura do mercado às 9h30, obrigando o Banco Central (BC) a realizar uma bateria de cinco leilões de compra durante o dia todo (ver tabela ao lado).
As intervenções, porém, não impediram que a moeda norte-americana fechasse ontem a R$ 0,829 na venda, com nova queda de 0,84% sobre a cotação do dia anterior, de R$ 0,836.
A desvalorização em relação ao real acumulada desde o início de julho é de 17,1%.
Os números do sistema eletrônico do BC (Sisbacen) indicam uma forte pressão de oferta de dólares por conta das vendas antecipadas da moeda norte-americana pelos exportadores através das operações de ACC (Adiantamentos de Contratos de Câmbio).
Nos dois últimos dias, a oferta de moeda estrangeira pelos exportadores foi engrossada por entradas de dólares também nas transações financeiras, nas quais prevaleciam as saídas desde setembro último.
Os números preliminares de ontem mostram superávits de US$ 101 milhões nas operações comerciais (US$ 221 milhões de exportações contra US$ 120 milhões de importações) e de US$ 138 milhões nas transações financeiras (entradas de US$ 271 milhões e saídas de US$ 133 milhões), totalizando um ingresso total de US$ 239 milhões.
Segundo operadores de câmbio dos bancos e corretoras, o BC comprou cerca de US$ 200 milhões nos cinco leilões, absorvendo boa parte da oferta.
Ontem à tarde, pouco antes do quarto leilão de compra no câmbio comercial, ele fez uma intervenção no flutuante (dólar-turismo), vendendo a moeda a R$ 0,827.
Anteontem, sem nenhuma intervenção do BC, houve um ingresso de US$ 151 milhões. Nas operações comerciais o saldo positivo foi de US$ 79 milhões (US$ 237 milhões de exportações e US$ 158 milhões de importações). Nas transações financeiras, as entradas de US$ 365 milhões superaram em US$ 72 milhões as saídas de US$ 293 milhões).
Segundo Eduardo Vassimon, diretor de câmbio do Banco BBA Creditanstalt, nos últimos dois dias vem ocorrendo um movimento de antecipação na entrada de divisas aos fundos de renda fixa de capital estrangeiro e também de recursos de eurobônus.

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