São Paulo, sábado, 15 de outubro de 1994
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A tentação

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE

Um método largamente difundido na Indy será utilizado pela primeira vez na F-1. Amanhã, durante a transmissão do GP da Europa de F-1, os brasileiros verão imagens que nenhum outro país vai receber. E na verdade, interessam mais ao Brasil.
Os carros de Rubens Barrichello e Christian Fittipaldi estarão equipados com três câmeras cada, uma delas voltada para o cockpit. Além disso, Galvão Bueno poderá chamar o piloto em seu carro para um comentário, como por exemplo, descrever uma volta.
O privilégio da Rede Globo é uma experiência arquitetada por Bernie Ecclestone. Preocupado com a queda nos índices de audiência, o presidente da Foca quer controle absoluto das transmissões das corridas.
Para isso, elegeu a Globo como balão de ensaio. Além da transmissão padrão, feita pelo emissora local, o canal brasileiro terá acesso a imagens produzidas e editadas pela Foca TV.
Dentre elas, a do repórter Roberto Cabrini, que terá à disposição um link para fazer intervenções ao vivo durante a corrida.
O esforço é louvável, já que evitará casos como o GP de Portugal, quando Barrichello fazia uma grande corrida e era ignorado pela TV local. E, em português claro, aumentará o espaço dos patrocinadores pessoais dos pilotos.
O plano é muito bom e caso dê certo, será estendido para o resto do planeta. A Foca se responsabilizaria pelas transmissões. As TVs locais, inclusive a Globo no Brasil, forneceriam apenas equipamento e pessoal.
As transmissões manteriam um padrão uniforme de qualidade e, ao mesmo tempo, um diferencial de interesse para cada país.
Mas a uma tentação, Foca e Rede Globo terão que resistir. Não deformar a transmissão preterindo seu senso jornalístico pelo comercial.
Isso acontece bastante na Indy, quando, por exemplo, o telespectador é obrigado a ficar uma eternidade com a imagem da câmera instalada no carro de Maurício Gugelmin.
O patrocinador deve adorar, mas, ao mesmo tempo, fatos importantes da corrida podem estar sendo ignorados.
De qualquer forma, a Globo recebeu um presente dos deuses. A emissora vem tratando, neste momento, as cotas de patrocínio para as transmissões de F-1 de 1995. O apelo das câmeras exclusivas é fundamental para alavancar as negociações.

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