São Paulo, domingo, 16 de outubro de 1994
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2º turno aumenta confusão de alianças entre partidos

CLÓVIS ROSSI
DA REPORTAGEM LOCAL

O PPR do Maranhão conseguiu o apoio do PT, que no Rio se inclina para o PDT, que o PT veta em São Paulo pois prefere o PSDB, que em Santa Catarina se encaminha para o PMDB, que na Bahia formará na frente ampla contra o PFL, que estará eventualmente junto com o PT em São Paulo.
Essa formidável ciranda partidária, já delineada para o segundo turno das eleições estaduais, consolida a enorme mixórdia em que se transformou o cenário eleitoral no Brasil.

28 eleições
Na prática, esse cruzamento em que um partido se alia, em dado Estado, ao partido que combate em outro Estado, às vezes vizinho, demonstra que, em vez de eleições gerais, o que está havendo são 28 eleições separadas.
Uma, já encerrada, foi para a Presidência da República e as outras 27 para os governos estaduais, 18 dos quais só serão definidos no segundo turno.
É inútil, nesse cenário, que cada partido tente uma definição válida para todo o país em matéria de alianças.

PT e PPR
O PT até que tentou. Decidiu fixar três critérios: dar prioridade a acordos com os chamados ``aliados históricos" (os partidos que formaram a Frente Brasil Popular na disputa presidencial), cobrar dos aliados compromissos públicos com a ética e o respeito aos direitos humanos e deixar a cargo das seções estaduais a decisão final sobre alianças.
Ocorre que, na prática, esta terceira decisão anulou a primeira em pelo menos dois Estados.
No Maranhão, o PT local inclina-se pelo candidato do PPR, Epitácio Cafeteira, contra o clã Sarney, representado por sua filha Roseana. No Rio Grande do Sul, foi o PPR quem se apressou a insinuar apoio ao candidato do PT, Olívio Dutra, contra Antônio Britto (PMDB).
O PPR está longe de ser ``aliado histórico", mas Gilberto Carvalho, secretário-geral do partido, pondera: ``Apoio não se rejeita".
Mais do que não rejeitar, até se busca: no Espírito Santo, por exemplo, o PT está correndo atrás de Rita Camata, a mais votada deputada federal do Estado e que pertence ao PMDB.
No RS, o PT quer o apoio do brizolismo (Lula está tentando falar pelo telefone com Leonel Brizola, que se encontra na sua estância uruguaia). Mas, em São Paulo, o PT vetou qualquer acordo com o PDT local e seu candidato Francisco Rossi.
O partido até iniciou conversações com o PSDB, mas, no Rio, a tendência do PT é ficar com o PDT, cujo adversário é justamente o PSDB.

PSDB e PMDB
Já o PSDB, ao menos para o gosto de Tasso Jereissati, que era presidente do partido até afastar-se para disputar o governo do Ceará (elegeu-se no primeiro turno), quer apoiar o PT em duas disputas (Brasília e Espírito Santo).
Mas colide com os petistas no Rio Grande do Sul, porque tem o vice na chapa de Britto.
O PMDB, afastado do segundo turno nos três maiores colégios eleitorais (SP, MG e RJ), está sendo cortejado pelos dois lados em cada uma dessas disputas.
A confusão é tamanha que respinga sobre o presidente eleito, Fernando Henrique Cardoso.
Em Minas, por exemplo, o candidato do PP, Hélio Costa, apoiou FHC, mas enfrentará justamente um candidato do PSDB, Eduardo Azeredo. Quem apoiar? Tasso não hesita em responder: Azeredo.
O presidente eleito já decidiu, segundo a Folha apurou, que quando houver, seu apoio vai se limitar a sinais como o que emitiu quinta-feira em São Paulo, a favor de Mario Covas.
Até porque há Estados em que o próprio PSDB, está de um lado e os dois partidos que fizeram parte da coligação que o elegeu (PFL e PTB) estão do outro.

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