São Paulo, domingo, 16 de outubro de 1994
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Projeções já mostram inflação subindo

DA ``AGÊNCIA DINHEIRO VIVO"

O departamento de economia da ``Agência Dinheiro Vivo" refez, para cima, as projeções do IPC/Fipe: em outubro, de 2,40% para 2,70%; em novembro, de 3,50% para 3,90%.
O mercado futuro de juros da BM&F prevê variação de 3,68% no CDI-over este mês e 3,79% em novembro. Por essas projeções, o CDI promete juro real de 0,95% em outubro e perda real de 0,11% em novembro.
Segundo os economistas de ``DV", a inflação está num patamar perigoso, acirrando demandas de preços e salários pela reindexação da economia. Há informações de que o comércio não consegue mais descontos na indústria.
Além da retórica de baixo nível de Ciro Gomes, o governo nada faz para conter as pressões no trimestre. A única providência foi a redução das alíquotas de importação. Mas esqueceram de avisar o MIC de que é para deixar entrar os importados.
Nem a elevação do compulsório sobre depósitos a prazo desestimula vendas a crédito. De olho nos lucros, os bancos investem forte no crédito direto ao consumidor –que não se assusta com os juros nominais, desde que o financiamento seja longo e prefixado.
O Banco Central, preso à ``camisa-de-força" do câmbio, não pode elevar o juro real, porque isto estimularia exportadores a ampliar as operações de antecipação de câmbio, aumentando a oferta de dólares.
Em outubro, porém, a instituição tem motivos para não elevar o juro: vem sustentando o over a 5,58%, com projeção de rentabilidade efetiva de 3,59%, porque dificilmente o IPC-r do mês passará muito de 2%.
Acontece que o IPC-r é favorecido pelo período de coleta –do dia 16 de um mês a 16 do mês seguinte. Assim, em relação ao IPC-r, o juro real do over, em torno de 1,5%, não passará vergonha.
Já os juros privados devem ficar pressionados até o fim do mês, devido ao enquadramento das instituições no compulsório. Dia 21, os bancos recolhem ao Banco Central 26% dos depósitos a prazo; dia 28, completam os 30%.
Isso terá dois efeitos: 1) reais em poder dos bancos ficam mais caros e o CDI se distancia do over-selic, não servindo mais como parâmetro de over do dia seguinte; 2) como o recolhimento é em títulos públicos, os bancos não pedem taxas muito elevadas para a compra de BBCs, com medo de que o Banco Central venha a rejeitar as propostas.
O resultado é baixa rentabilidade das carteiras dos fundos de investimentos recheadas de BBCs. Na renda fixa, a melhor escolha são fundos de commodities DI, por acompanharem a variação do CDI e recolherem imposto menor.
Para diversificar, escolha fundos de commodities com parte da carteira (25%) lastreada em ações ou carteira mista (51% em ações, 49% em renda fixa). Para o curto prazo, overgold.

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