São Paulo, domingo, 16 de outubro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Empresas inventam novos cargos

DENISE CHRISPIM MARIN
DA REPORTAGEM LOCAL

Mesmo com a redução de níveis hierárquicos e a eliminação de chefias, algumas empresas se vêem diante da necessidade de criar novas atribuições, batizá-las e localizá-las nos organogramas.
Os novos cargos surgem, muitas vezes, como consequência de programas de qualidade ou reengenharia, de preocupações éticas e sociais e até mesmo do cenário de estabilidade econômica do país.
Paulo Natale, 30, engenheiro, tem impresso no cartão de visitas sua atribuição na Federal Express: especialista em qualidade.
Ele compõe um novo time no qual todos atendem pelo nome formal de ``profissionais" e que reúne os responsáveis pela segurança, produtividade, terceirização etc.
Sua função é atuar como um consultor interno em qualidade para as diferentes áreas operacionais da Fedex no Brasil e em outros quatro países da América do Sul.
Sem subordinados ou secretária, Natale se reporta diretamente à vice-presidência da Fedex para a América Latina, em Miami.
``Tenho a missão de tornar mais eficientes as áreas que podem trazer resultados para nossos clientes internos e externos", afirma.
No Citibank, reengenharia e ética dão hoje nomes a cargos do alto escalão. O banco criou, em 91, o posto de diretor de ``compliance" (conformidade, em inglês).
A missão de seu ocupante é verificar se produtos e serviços prestados estão de acordo com as legislações do Brasil e dos EUA e com as normas éticas da organização.
``Alegar ignorância de alguma norma não é desculpa para deslizes", afirma Laura Fermann, 38, titular do cargo e também diretora-adjunta de risco (análise de produtos do ponto de vista legal).
Em seu trabalho, Laura tem que armazenar bom conhecimento sobre operações financeiras e legislações. Atua como uma espécie de conselheira, mas não é sua atribuição dar a palavra final –pode recorrer a consultores e advogados.
O processo de reengenharia também instigou o Citibank a criar um cargo específico. Mário Carlos Praxedes, 47, é diretor de reengenharia desde março de 93 e atua como um ``facilitador".
No início deste ano, sua atenção se voltou para o processo de desenvolvimento de produtos. Praxedes apontou os oito profissionais que deveriam fazer, de fato, a reengenharia e os municiou com informações e metodologia.
Depois, acompanhou as fases de definição de metas, de diagnóstico e de proposta de redesenho do processo. Hoje, assessora o grupo na implantação das mudanças.
``A primeira dificuldade é convencer as chefias a dispensar as pessoas-chave de suas atividades cotidianas", afirma Praxedes.
Segundo Robert Wong, 46, diretor geral da Korn/Ferry International (consultoria especializada em encontrar executivos para o topo das empresas), tem aumentado a procura por profissionais aptos a assumir novos cargos.
Redes internacionais de franquias, por exemplo, estão à ``caça" de pessoas que possam assumir postos na área de desenvolvimento imobiliário.
Trata-se de profissionais com experiência em engenharia e negociação, capazes de localizar bons pontos para instalação de lojas, realizar a compra do imóvel e acompanhar a construção.
Nos grandes bancos, o ``institutional officer" ou ``gerente de relacionamento-bancos" também está sendo requisitado para atender um cliente particular –as instituições financeiras de menor porte.
A preocupação com o impacto da empresa no meio ambiente também gera novos cargos. A Klabin, por exemplo, criou o posto de gerente de controle ambiental e pesquisa, embora essa atribuição já existisse na prática.
O novo cargo, ocupado pelo engenheiro químico Ricardo Coraiola, 52, reporta-se somente ao diretor-superintendente da empresa.
Chefe de uma equipe de dez pessoas, Coraiola monitora a emissão de poluentes e propõe métodos de tratamento de resíduos da produção de papel e celulose.
Ele também responde pela pesquisa de novos produtos. ``O processo adotado tem que ser desenvolvido de forma a causar impacto mínimo ao meio ambiente", diz.
Outra função é atuar em parceria com o município de Telêmaco Borba (PR), onde está essa unidade da Klabin, em projetos como a criação de um aterro sanitário.

Texto Anterior: Rede de fast food cria 150 vagas em 95; 'Vale Quanto Pensa' reúne universitários; Seminário avalia papéis na empresa; Evento analisa uso de drogas na empresa; FRASE
Próximo Texto: RH vira consultoria interna
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.