São Paulo, domingo, 16 de outubro de 1994
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Preços de aluguel no centro sobem pós-real

TELMA FIGUEIREDO
DA REPORTAGEM LOCAL

Após a implantação do real, os preços dos aluguéis comerciais no centro de São Paulo tiveram a maior valorização da cidade, segundo levantamento do Datafolha.
O estudo mostra que na comparação entre a primeira quinzena de julho e a segunda quinzena de setembro (pesquisa mais recente), os valores no centro velho registraram uma variação de 12,3% e no centro novo, de 9,6%.
O preço para locação do m2 de área útil no centro velho, por exemplo, passou de R$ 3,97 para R$ 4,46 (veja quadro ao lado).
Essa variação no preço indica que deve estar havendo maior procura por escritórios para alugar no centro –que hoje ainda dispõe de muitas áreas desocupadas.
O aquecimento da demanda pode ter atingido o centro da cidade –que está bastante deteriorado e tem prédios antigos com condições precárias–, em função do local ter o menor preço entre as regiões comerciais de São Paulo.
Os valores para locação de escritórios na av. Paulista, Jardins, av. Faria Lima e marginal Pinheiros estão mais ou menos próximos, segundo o Datafolha.
E hoje essas regiões têm preços de aluguel quase três vezes maior do que os praticados no centro.
Na Paulista, por exemplo, o valor do m2 de área útil para locação ficou em R$ 12,45 na pesquisa feita na segunda semana de setembro.
Os valores dessa região também tiveram valorização depois de julho (5,9%). Já na região da marginal Pinheiros (que inclui a av. Eng. Luiz Carlos Berrini), a variação dos preços foi negativa entre julho e setembro (-1,3).
Como no centro de cidade, a região da Berrini também tem um muitas áreas comerciais desocupadas. Mas o local representa o pólo comercial mais recente de São Paulo, repleto de prédios modernos e bem equipados.
A explicação do volume de áreas vazias na região da Berrini talvez esteja nos preços para locação (só inferiores aos da Paulista) e no tipo de escritório predominante no local: conjuntos grandes.
Hubert Gebara, 58, da Hubert Imóveis, afirma que nos últimos anos muitas empresas acabaram diminuindo o espaço físico que suas instalações ocupavam.
``Algumas empresas também juntaram em um único local os escritórios que tinham espalhados."
E em muitos casos essa sede única ficou com uma área menor que a soma das áreas das várias instalações antigas.
``Essa redução de espaço ocorreu não só em função da crise econômica, mas também pela racionalização dos métodos de trabalho," afirma Gebara.
Segundo ele, a informatização dos escritórios fez com que em alguns casos houvesse diminuição até do número de empregados.
Gebara afirma que hoje está bem mais difícil alugar ou vender áreas grandes –acima de 500 m2– do que escritórios menores.
O consultor imobiliário Lincoln Jorge Marques, diz que atualmente a maior procura é por conjuntos pequenos, com área útil entre 30 m2 e 60 m2.
``Mas a oferta de escritórios ainda está maior que a demanda. Os negócios continuam meio parados", afirma.
Segundo Marques, o setor está em compasso de espera. ``Há novos prédios em execução e muitos escritórios vazios por toda a cidade", diz.

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