São Paulo, domingo, 16 de outubro de 1994
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Pacaembu; Fraude no Rio; Violência nos estádios; Salário de senador; Qualidades da Bienal; Por que votei; Olho no eleito; Utopia realista; Maioria silenciosa; Onde é o Haiti; Petrobrás

Pacaembu
``Anunciei, dias atrás, a intenção do prefeito Paulo Maluf de iniciar o processo de privatização de parte do Estádio Municipal Paulo Machado de Carvalho (Pacaembu). Desde então, intensa e saudável polêmica se estabeleceu na cidade acerca do assunto. É natural que no calor da discussão surjam, aqui e ali, equívocos e incompreensões sobre as intenções e atos dos administradores. Cumpre superar logo tais ocorrências exatamente para assegurar que o debate sirva ao bem da comunidade. Não recebi e nem recebeu a prefeitura proposta formal e concreta de qualquer entidade –nacional ou internacional– de compra do estádio do Pacaembu. Nem poderia ser diferente. Só após lei aprovada pela Câmara e aberta a concorrência para a venda do estádio é que os grupos interessados poderão apresentar propostas de compra do Pacaembu. Dirigentes de mais de uma entidade manifestaram, pessoalmente a mim, interesse em participar da licitação. Nada oficial nem concreto, insisto. Um segundo ponto a esclarecer é que o que se pretende vender, privatizando, é o estádio de futebol. Este é apenas parte do complexo desportivo ali existente. Serve tão-somente para a prática de futebol profissional e realização de espetáculos. Ora, essas são atividades tipicamente empresariais e de grande porte, envolvendo empresas e profissionais que objetivam lucros. São estranhas aos encargos e atribuições do poder público. A prefeitura tem a obrigação, sim, de proteger e estimular as atividades desportivas e culturais, ajudando a formação de atletas e artistas. Essas funções ela cumpre através de um grande número de centros desportivos municipais e do centro olímpico do Ibirapuera; quanto às artes, age por meio do conjunto de equipamentos administrados pela Secretaria da Cultura. No caso do Pacaembu, a continuidade de seu uso para a prática de futebol profissional e de megaeventos exige investimentos pesados, particularmente quanto à proteção acústica, segurança interna e externa e estacionamento, sem falar em reformas internas. Estamos convencidos não ser da competência municipal tais investimentos, ainda mais se comparado seu valor com as enormes carências sociais da cidade. A atual administração está convicta de que atividades empresariais desse tipo podem ser executadas com melhor proveito para o público pela iniciativa privada. A municipalidade manterá sob sua propriedade a parte do Pacaembu onde fica o centro desportivo com piscinas, quadras etc. Neste caso, sim, investirá em melhorias como a construção de um centro de convivência para idosos e uma pista para prática de cooper, entre outras. Tanto a lei quanto o edital de concorrência determinarão as normas a serem respeitadas pelo vencedor da concorrência e comprador do estádio. Será respeitado o tombamento da edificação determinado pelos órgãos competentes do município e do Estado. O projeto de lei a ser encaminhado à Câmara determinará que o dinheiro arrecadado com a venda se destinará à criação de um novo fundo municipal de saúde. Insisto em três pontos: 1) os interessados na compra do Pacaembu só poderão apresentar propostas após a aprovação da lei autorizando sua venda e durante a realização da concorrência; 2) temos interesse em dialogar com a comunidade vizinha ao estádio visando estabelecer normas que assegurem aos moradores tranquilidade e segurança e 3) a palavra final sobre este assunto será da Câmara."
Roberto Paulo Richter, secretário municipal do planejamento (São Paulo, SP)

Fraude no Rio
``Repudio qualquer menção à minha presença junto a fraudadores. Quanto mais urnas forem recontadas e reconferidas, melhor para minha candidatura. Tenho votos na imensa maioria das urnas do Rio de Janeiro e não preciso de fraudes para ser eleito. Esse envolvimento artificial e intencionalmente plantado tem intenção de desmoralizar minha atuação na denúncia da manipulação da vontade popular através das urnas, quando descobri por intermédio dos meus fiscais o que estava acontecendo na 24ª e 25ª Zonas Eleitorais, correspondentes a Bangu, Campo Grande e Santa Cruz. E, obviamente, pretende confundir os observadores sobre o que está acontecendo, lamentavelmente, no Rio de Janeiro."
Márcio Fortes, candidato a deputado federal pelo PSDB-RJ (Rio de Janeiro, RJ)

Violência nos estádios
``A impressionante imagem do pai torcedor e seu filho apavorado, magnificamente capturada por Paulo Giandália e publicada na capa do caderno Esporte da edição de 13/10, deveria servir a uma campanha contra a violência nos campos de futebol."
Carlos Alberto Ricardo (São Paulo, SP)

``A foto de Paulo Giandália, dia 13/10, doeu os ossos e a alma."
Jurcy Querido Moreira (Guaratinguetá, SP)

Salário de senador
``Gostaria de dizer que o país não precisa de vagabundos como este, ganhando R$ 4.000 por mês mais apartamento, mais carro com motorista, mais gasolina, mais passagens aéreas e ainda acham pouco. Se ele não está gostando, pode voltar de onde saiu que não vai fazer a menor falta."
Fernando Araujo (São Paulo, SP)

Qualidades da Bienal
``A 22ª Bienal Internacional de São Paulo é a mostra mais representativa realizada pela Fundação nas duas últimas décadas. Em vez de só apontar suas falhas, a imprensa deveria dar destaque às inúmeras qualidades do evento."
André Millan (São Paulo, SP)

Por que votei
``Votei em Lula na eleição de 1989 e também na eleição do dia 3/10. Não porque seja uma militante assídua do PT, nem por achar que depende de um único homem resolver os problemas da nação. Depositei meu voto neste partido e no seu candidato por achar que este mais se aproxima da minha realidade: não nasci em berço de ouro e desconheço uma conquista sem esforço próprio e muito trabalho, como fez Lula, e acredito ser esta a condição da maioria dos brasileiros."
Marriene Freitas (Belo Horizonte, MG)

Olho no eleito
``Como leitores da Folha, gostaríamos de parabenizá-los pelo encarte Olho no Voto de setembro/94, pois somente assim os eleitores puderam fazer uma análise dos políticos que aí estão para ocupar cargos de responsabilidade e, em muitos casos, nada fazem além de beneficiar a si próprios. Gostaria de dar uma sugestão: que, após as eleições, fosse publicado um balanço geral dos candidatos eleitos e os serviços prestados para a sociedade, assim como suas faltas, para que possamos acompanhar e cobrar as promessas feitas."
Aparecida de Cássia Freitas e Paulo Teixeira Dias (São Paulo, SP)

Utopia realista
``A respeito do artigo `Uma utopia realista para o Brasil de hoje' de Philippe van Parijs, pode-se ponderar que se deve priorizar a seguridade social a programas como o de renda mínima. Acredito que há mais idéias quanto ao destino que se possa dar a recursos em poder da administração pública que quanto às suas fontes."
Fernando Mancini Villela (São Paulo, SP)

Maioria silenciosa
``O novo presidente FHC, eleito com maioria consagradora, tem uma missão preliminar para com a população trabalhadora, aquela maioria silenciosa que dá dignidade ao Brasil. Ao ser eleito de maneira surpreendente pelo voto direto, FHC está livre de qualquer aliança. Está compromissado somente com o povo, portanto para o povo deve ser dirigido seu governo."
Irineu Guidolin (São Paulo, SP)

Onde é o Haiti
``Caetano Veloso e Gilberto Gil apoiaram FHC. Agora só falta apresentarem sua participação inteligente no bloqueio a Cuba. O Haiti é aqui mesmo."
Cláudio René D'Afflitto (Jardinópolis, SP)

Petrobrás
``A greve dos empregados da Petrobrás mais uma vez fez ver que a classe mais bem paga do Brasil continua abusando do fato de trabalhar numa estatal."
Bernardo Corrêa Pinto (São Paulo, SP)

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