São Paulo, quinta-feira, 20 de outubro de 1994
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Entrada de dólar deve ser desestimulada

FIDEO MIYA
JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA

FIDEO MIYA ;JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Os dirigentes de bancos concordam que as medidas baixadas pelo governo na área de câmbio são duras e devem desestimular a entrada de divisas no país, reduzindo a pressão de baixa sobre o dólar. A mesma unanimidade não ocorre quanto ao efeito das restrições ao crédito sobre a inflação.
Para o presidente do Banco Real, Paulo Guilherme Monteiro Lobato Ribeiro, ``as medidas na área do crédito vieram na hora certa, são oportunas e ponderadas".
Na sua avaliação, elas ``vão frear a tendência de crescimento do consumo, que ia se acentuar com a aproximação do Natal".
Apesar disso, Ribeiro não descartou a possibilidade de que o Banco Central aumente os juros. César Locatelli, diretor financeiro do Banco Fenícia, afirma que ``haverá desaquecimento nas vendas a prazo do comércio varejista no curto prazo".
Locatelli e Teresa Fernandes, da consultoria Mendonça de Barros & Associados, acham que as medidas descartam a hipótese de ``choque de juros".
Segundo Teresa, as medidas de contenção do crédito ``são necessárias mas passageiras".
O vice-presidente do Banco ABC-Roma, Alfredo Neves Penteado de Moraes, tem uma avaliação oposta à de Locatelli e Teresa.
``Se os juros não subirem, a inflação sobe, fortalecendo as pressões pela reindexação. O primeiro sinal foi a aprovação da proposta do deputado Paulo Paim na Câmara dos Deputados", afirma Moraes.

Câmbio
As medidas na área de câmbio foram consideradas duras, mas necessárias para evitar que as cotações do dólar continuassem em queda e obrigassem o Banco Central a comprar divisas, emitindo reais e causando fortes estragos na política monetária.
Segundo Ribeiro, do Banco Real, o IOF de 7% deve travar as operações de eurobônus nos próximos meses. As entradas de dólares nos fundos de renda fixa de capital estrangeiro também devem ser interrompidas com o IOF de 9%, segundo Fábio de Oliveira, diretor de investimentos do Banco de Boston.
A única surpresa ficou por conta do IOF de 1% sobre os investimentos estrangeiros nas Bolsas de Valores. Os boatos sobre essa medida fizeram o índice da Bolsa paulista desabar até 5,38% ontem.
Teresa Fernandes e Locatelli acham que a alíquota é baixa e não deve afetar negativamente o mercado.
Oliveira, do Banco de Boston, prevê um impacto negativo. ``Quebrou-se o mito de que o governo não taxaria o capital estrangeiro destinado às Bolsas de Valores por causa da privatização".

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