São Paulo, sexta-feira, 21 de outubro de 1994 |
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Apenas 3 mortos têm ficha policial
CRISTINA GRILLO ; SILVIA NORONHA
Robson Genoíno dos Santos, 30, havia fugido do Presídio Plácido Sá Carvalho, em Bangu, em 12 de setembro deste ano. Ele cumpria pena por tráfico de drogas, assalto a mão armada e furto. Sérgio Mendes de Oliveira, 20, também era foragido da Justiça desde 10 de março deste ano. Ele estava condenado por assalto a mão armada. Evandro de Oliveira, 22, respondia a processo na 35a Vara Criminal, acusado por formação de quadrilha. Os outros mortos não tinham ficha na polícia. A DRE (Divisão de Repressão a Entorpecentes), que comandou a operação na favela, soltou anteontem as 14 pessoas que haviam sido detidas no morro. O delegado José Secundino disse que todos os detidos foram liberados porque não tinham antecedentes criminais. A reportagem da Folha encontrou ontem à tarde um dos presos pela polícia durante a operação. A. estava na favela da Varginha, em Bonsucesso (zona norte do Rio). A. não quis contar o que viu no dia das mortes na Nova Brasília, com medo de represálias. ``Eles me bateram, mas eu não vou falar nada não." Também na favela da Varginha foi localizada uma testemunha da ação policial. K.C.T., 18, moradora de Nova Brasília, afirmou que 2 dos 13 mortos foram executados. ``Não houve troca de tiros como a polícia diz", disse a testemunha. Ranílson José de Souza, 21, o Gasparzinho, e Alan Kardec de Oliveira, 14, o De Bobeira, teriam sido retirados de uma casa do alto da favela. K. conta que viu os policiais arrombarem a porta. ``Eles tiraram os dois da casa vivos. Depois, eles foram mortos com tiro na cabeça", afirmou. O laudo do IML confirma que Ranílson de Souza e Alan de Oliveira morreram com tiros na cabeça. Alguns moradores de Nova Brasília passaram a morar na favela da Varginha, após as mortes ocorridas na terça-feira. Eles afirmam ter medo de represálias por terem visto a ação policial. Ontem, o comércio voltou a funcionar normalmente na favela Nova Brasília. Na quarta-feira, os comerciantes receberam ``ordens de cima" para fecharem as portas em sinal de luto. Próximo Texto: Irregularidades marcaram ação Índice |
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