São Paulo, sexta-feira, 21 de outubro de 1994
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Irregularidades marcaram ação

MARCELO MIGLIACCIO
DA SUCURSAL DO RIO

A operação da Polícia Civil na favela Nova Brasília –que terminou com a morte de 13 pessoas– teve contradições e procedimentos considerados irregulares por criminalistas.
O diretor da DRE (Divisão de Repressão a Entorpecentes), Maurílio Moreira, 61, disse que a operação visava cumprir mandados de prisão expedidos contra traficantes da favela.
Moreira disse que não estava de posse dos mandados durante a operação. A prática foi condenada pelo criminalista Evaristo de Moraes Filho, ouvido pela Folha.
``É fundamental que a autoridade vá com o mandado de prisão em mão ou com uma cópia", disse.
A remoção rápida dos corpos das vítimas do tiroteio contrariou o artigo 6 do Código de Processo Penal, que determina que o local seja preservado para o exame pericial das circunstâncias.
Alegando-se questões de segurança –embora houvesse dezenas de policiais na favela–, os corpos foram levados para ruas próximas à saída do morro.
Moreira disse que um PM, ``de nome Márcio", foi baleado pelos traficantes no tiroteio. Ele estaria ``passando pelo local" e teria resolvido ajudar a Polícia Civil", afirmou o delegado.
Ontem, Mitiriatides Santana, delegado substituto da DRE, negou que um PM tivesse sido ferido na operação, que teoricamente seria exclusiva da Polícia Civil.
Apesar de serem 13 os mortos (supostamente em troca de tiros), apenas nove armas foram apreendidas. Três delas são da própria polícia e, na versão oficial, teriam sido ``roubadas" pelos traficantes.
O número de tiros que as vítimas levaram também era desencontrado. ``Um ou dois", segundo Moreira, e ``de três a cinco", segundo o IML.

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