São Paulo, sexta-feira, 21 de outubro de 1994
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Grupo protesta contra madeireiras no AM

ANDRÉ LOZANO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PARINTINS (AM)

O Greenpeace programou para hoje uma ação contra madeireiras próximas a Itacoatiara (200 km de Manaus). Será a primeira ação direta do grupo ambientalista, que viaja há 11 dias na Amazônia.
Os ambientalistas do navio MV Greenpeace vão apontar os madeireiros como estimuladores do corte predatório na região. Os detalhes da ação são mantidos em sigilo.
O Greenpeace divulgou ontem um dossiê sobre a ameaça de extinção da madeira virola no Estado devido ao corte predatório nas florestas inundadas –as chamadas várzeas. Segundo o documento, nos últimos cinco anos a extração predatória nessas áreas eliminou 90% do volume de virola no rio Preto (oeste da ilha de Marajó).
Segundo o coordenador da Campanha de Florestas do Greenpeace para a América Latina, José Augusto Pádua, um dos sinais de esgotamento da madeira é a necessidade de grandes madeireiras terem de percorrer distâncias cada vez maiores para extrair virola.
O Greenpeace denuncia ainda outras espécies de madeira ameaçadas de extinção nas áreas de várzea: andiroba, para-pará, marupá e sucupira. A maioria dessas madeiras é usada na fabricação de compensados (chapas de madeira).
Pádua afirmou que a produção de compensados desperdiça cerca de metade das toras extraídas. Segundo ele, a Eidai, uma das maiores madeireiras da Amazônia (49% do capital pertence à multinacional Mitsubishi), retira cerca de 130 mil m3 de madeira em toras por ano e produz, no máximo, 70 mil m3 de compensados no período.
O governador do Amazonas, Gilberto Mestrinho (PMDB), 67, afirmou ontem que Itacoatiara é um centro importante de produção de compensados e as madeireiras trabalham de acordo com as leis federais e do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).
Para Mestrinho, o Greenpeace trabalha para cartéis dos países escandinavos, Canadá e EUA, que querem o monopólio da madeira.
O navio da Marinha continua seguindo o MV Greenpeace. Em todas as paradas, a PF realiza detalhada inspeção. Segundo o capitão do MV Greenpeace, o dinamarquês Arne Sorensen, é a primeira vez que a entidade recebe acompanhamento tão próximo das Forças Armadas e da PF de um país.

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