São Paulo, sexta-feira, 21 de outubro de 1994
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Para Trevisan, comércio pode bancar crediário

NELSON BLECHER
DA REPORTAGEM LOCAL

As medidas de restrição ao crédito que entraram ontem em vigor não deverão refrear o ritmo das vendas no varejo, de acordo com o consultor paulista Antoninho Marmo Trevisan.
``O comércio nunca esteve tão capitalizado. Não tenho dúvida de que muitos lojistas irão bancar o financiamento", afirmou Trevisan.
Apesar da limitação, em três meses, do parcelamento de compras financiadas com recursos de instituições financeiras, nada impede que o comerciante, com recursos próprios, parcele a venda em até 12 meses.
Trevisan refere-se a uma pesquisa conduzida pela Serasa ao informar que dois terços do capital do varejo brasileiro são próprios e somente o restante provém de terceiros. ``É o contrário do que ocorre no restante do mundo", diz.
O consultor qualificou de ``perversas" as medidas restritivas ao consumo. Segundo ele, o governo poderia, em vez de intervir novamente no mercado, ter optado por um ``choque" de oferta.
``O que está em jogo é a capacidade de as empresas ofertarem produtos e serviços na velocidade com que o mercado quer consumir", disse Trevisan.
``O fato é que o governo não estimulou o ingresso de importações nos volumes e quantidades necessárias. Para tanto, bastaria ter simplificado os processos de importação".
Para o presidente do PNBE (Pensamento Nacional das Bases Empresariais), Emerson Kapaz, se o Brasil pensa em competir no mercado internacional não pode ver o consumo como algo ``prejudicial".
Admitiu, porém, que as medidas do governo previnem contra o risco da volta da inflação.

Colaborou a Agência Folha em Porto Alegre.

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