São Paulo, sexta-feira, 21 de outubro de 1994 |
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Kieslowski faz última tela com cor apagada Irène Jacob se limita a fazer caretas CÁSSIO STARLING CARLOS
Mas seu projeto é frustrado a partir do momento que não conseguiu criar nenhum laço orgânico satisfatório entre a dominante cromática das imagens e o discurso sobre a sobrevivência daqueles valores no mundo contemporâneo. O humor negro que assegurava a superioridade de ``A Igualdade É Branca" frente ao primeiro filme da série é aqui abandonado em favor de um discurso piedoso. ``A Fraternidade É Vermelha" padece de defeitos ainda mais graves que os de ``A Liberdade É Azul". Sem contar com a empatia de Juliette Binoche, acaba comprometido pelo desempenho afetado de Irène Jacob como uma modelo internacional. Ela atua mais como modelo que como atriz e naufraga quando tem que duelar com Jean-Louis Trintignant, mostruoso no papel de um juiz obcecado em perverter princípios da justiça. Os diálogos sobre a dissolução da fraternidade entre os homens na sociedade atual resultam constrangedores. Consciente do seu fracasso, Kieslowski tornou pública sua decisão de se afastar do cinema, mesmo que temporariamente. A crise criativa que atravessa, depois de realizar obras-primas como ``Amador" e a série do ``Decálogo" é um motivo suficiente para tomar esta decisão. Filme: A Fraternidade É Vermelha Direção: Krzysztof Kieslowski Elenco: Irène Jacob, Jean-Louis Trintignant Onde: Sala Cinemateca, 22h Texto Anterior: Glenn Gould ganha cinebiobrafia à sua altura Próximo Texto: Trebbiano se firma com seu chef italiano Índice |
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