São Paulo, sábado, 22 de outubro de 1994
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Ciro sob censura

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Pelo segundo dia, Ciro Gomes apareceu na televisão com o semblante cansado, com a voz pausada, aparentando até alguma tristeza.
Durante uma entrevista mostrada pelos telejornais, chegou a ensaiar algumas respostas mais agressivas, mas logo se autocensurava.
Uma delas foi reveladora, no Jornal da Record, entre outros noticiários. O ministro disse que determinada pergunta era uma especulação.
Uma especulação que, segundo ele, logo virava manchete. E que seria bem esta a razão para ele estar mais contido em suas declarações.
Não é não. A razão para estar contido, triste, é que a violência verbal passou dos limites com os ``otários".
Jovem, o ministro ainda está aprendendo política.
Itamar à solta
``Fernando Henrique se mostra surpreso com reação de Itamar ao telefonema de Clinton", anunciou o SBT.
O presidente eleito faz o possível para segurar o presidente à solta. Diz-se surpreso, mas a palavra é outra.
Também ontem, na CBN, o tucano foi citado como tendo elogiado as medidas para a contenção de consumo tomadas por Itamar Franco.
``Até o dia da posse, o jeito é não melindrar o presidente", ironizou o âncora Boris Casoy. ``Todo cuidado é pouco."
Marinha no morro
Pelo jeito, a intervenção militar no Rio não vai esperar o novo governo. Para a eleição, já está quase certo.
E ontem tratava-se abertamente, na televisão, da entrada em cena dos soldados contra os traficantes. Isso, sem causar qualquer reação.
Ninguém surgiu para falar contra a intervenção das Forças Armadas. A cautela se limitou aos ministros militares, por inesperado que pareça.
``Se a Marinha for chamada a participar pelo presidente, participará", disse Ivan Serpa, o ministro da Marinha, ontem no Jornal da Record.
Mas só se for chamada pelo presidente, acrescentou Serpa, sério, até preocupado.
Lula no poder
``Lula se antecipa à decisão do PT e declara seu apoio a Covas" foi uma manchete de ontem, na televisão.
Pelo jeito, o líder petista descobriu, finalmente, que o poder tem que ser exercido, sob pena de derrota.

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