São Paulo, sábado, 22 de outubro de 1994
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PF procura filho do governador de Alagoas

ARI CIPOLA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MACEIÓ

Oito equipes da Polícia Federal (PF) de Alagoas passaram o dia de ontem tentando prender o filho do governador Geraldo Bulhões (PSC), Gustavo, 26, condenado pelo juiz de Flores (PE) a seis anos de prisão sob acusação de tráfico de maconha.
O mandado de prisão do juiz José Junior Florentino dos Santos contra Gustavo chegou ao delegado de entorpecentes da PF, Jorge Luís, anteontem. A sentença foi proferida no último dia 14.
Apesar da intenção dos Bulhões de cumprir a decisão do juiz, a PF considerava Gustavo como foragido. O governador deu vários telefonemas para o delegado informando que Gustavo se renderia, o que não havia acontecido até o final da tarde.
Gustavo Bulhões foi condenado porque, em fevereiro, o motorista de sua gráfica e mais três pessoas foram presas com 20 gramas de maconha.
Com o depoimento dos detidos, a PM chegou à casa de Luiz Ferreira de Freitas, onde foram apreendidos 50 kg da droga.
O motorista de Gustavo e os outros três homens que estavam no carro disseram à PM que compraram maconha a mando dele.
A sentença do juiz condenou também as pessoas que se envolveram no episódio: Djair Barbosa Ferreira, Quitério da Silva, José Lourenço dos Santos, Ailton de Lima e Jânio Heleno da Silva.
O governador Bulhões acha que a condenação foi feita sem base legal e vai recorrer da sentença. Para entrar com recurso, porém, Gustavo tem de se apresentar.
Aos amigos, Bulhões chegou a dizer que a condenação ``rasga a Constituição". O governador preferiu não conceder entrevistas. Alegou aos assessores que não poderia misturar um problema pessoal com o governo.
``A condenação foi injusta porque meu filho não foi pego nem comprando nem vendendo drogas. Ele tem problemas mas não pode ser considerado um traficante", afirmou à Agência Folha Denilma Bulhões, mãe de Gustavo.
Bulhões e Denilma tentavam ontem compor a defesa de Gustavo para não deixá-lo em uma cadeia pública, como determina o mandado de prisão.
A idéia era convencer o juiz de Flores a aceitar que Gustavo ficasse em uma clínica de Recife (PE).
Os Bulhões alegam que Gustavo sofre de epilepsia para sugerir uma clínica e não a cadeia para o filho. Esse também foi o argumento usado para livrar Gustavo do processo no qual ele era acusado atropelar uma adolescente em agosto de 93.

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