São Paulo, segunda-feira, 24 de outubro de 1994
Próximo Texto | Índice

Ação no Rio só ocorre após 2º turno

LUCAS FIGUEIREDO ; FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Exército, a Marinha e a Aeronáutica devem começar a combater a violência no Rio somente depois do segundo turno da eleição.
As Forças Armadas temem que as eleições possam ficar ainda mais tumultuadas caso haja vítimas em um eventual confronto entre militares e o crime organizado.
A morte de soldados, traficantes ou mesmo civis poderia ser usada eleitoralmente pelos candidatos, analisam os militares.
``Numa época de eleição, é complicado uma atuação como esta", disse à Folha o ministro da Marinha, almirante Ivan Serpa.
Dia 15 de novembro os cariocas voltam às urnas para eleger deputados federais, estaduais e o governador. A eleição de deputados foi anulada devido a fraudes.
O ministro da Justiça, Alexandre Dupeyrat, discute a atuação das Forças Armadas e da Polícia Federal hoje com o comandante militar do Leste, general Edson Alves, o comandante do 1º Distrito Naval, Waldemar Canela, e o superintendente da PF, Eleutério Parracho.
Estão adiantadas as discussões sobre aspectos logísticos de uma possível ação. Agora, as conversas passam a ter conotação política.
Para Serpa, a ação dos militares é uma questão política que deve ser decidida pelo presidente Itamar, o ministro Dupeyrat e o governador do Rio, Nilo Batista.
``Caso as Forças Armadas venham a atuar, vamos complementar a ação da polícia. É este complemento que precisa ser definido de forma política", afirmou Serpa.
Existem três possibilidade concretas para a ação: confronto armado contra o crime, atuação apenas ostensiva, e suporte logístico na área de inteligência (mapeamento das zonas críticas, informações sobre criminosos, estratégias etc).
O secretário de Justiça do Rio, Arthur Lavigne, disse ser a favor da presença da PF e do Exército nas fronteiras estaduais, para controlar a entrada de armas e drogas.
``O Rio não produz armas nem cocaína. Tudo vem de fora, e isso está fora do nosso alcance", disse.
Lavigne disse que há algum tempo as autoridades estaduais têm pedido reforço à PF no policiamento de fronteiras. ``A delegacia de entorpecentes da PF no Rio só tem 23 homens", afirmou.

Colaborou FERNANDA DA ESCÓSSIA, da Sucursal do Rio

Próximo Texto: Polícia reforça segurança nas praias do Rio
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.