São Paulo, segunda-feira, 24 de outubro de 1994
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Prefeitura admite não priorizar social

LUIS HENRIQUE AMARAL
DA REPORTAGEM LOCAL

A Prefeitura de São Paulo, nos primeiros 20 meses da administração de Paulo Maluf, priorizou as obras viárias e não a área social.
A afirmação foi feita pelo secretário municipal das Finanças, Celso Pitta, em entrevista concedida à Folha na semana passada.
A declaração é inédita na gestão Maluf e contradiz o discurso que o prefeito sustentou desde que assumiu o cargo, em janeiro de 1993.
No dia 13 de julho de 1993, por exemplo, a prefeitura publicou um anúncio nos jornais sob o título: ``Prefeitura: Prioridade Social".
A nota afirmava que a prefeitura manteria os investimentos na área social nos mesmos patamares registrados em 1992.
A afirmação foi negada por estudo da própria Secretaria das Finanças entregue à Folha por Pitta.
As secretarias consideradas da área social são: Educação, Família e Bem Estar Social, Esportes, Cultura e Habitação e Abastecimento e Saúde.
Segundo o estudo, o percentual das receitas correntes aplicado na área social em 93 foi de 49,4% (R$ 970,7 milhões), contra 56,8% aplicados em 1992 (R$ 1,2 bilhões), último ano da administração de Luiza Erundina.
Em 94, a projeção da secretaria prevê uma porcentagem ainda menor para a área social: 39,7%, embora isso represente um aumento no volume de recursos. Devem ser gastos R$ 1,05 bilhões na área.
O estudo da secretaria foi enviado à Câmara junto com a proposta de orçamento para 95, que é de R$ 3,8 bilhões, 28% maior que o de 94, que foi de R$ 2,4 bilhões.
O aumento é explicado pela alta na arrecadação depois do Plano Real e pela queda na inflação, que corroía as finanças da prefeitura.
Em 95, o gasto na área social, segundo a secretaria, deve subir. Devem ser gastos aí R$ 1,68 bilhões (leia texto ao lado).

Obras
A priorização às obras fica ainda mais clara através de estudo da assessoria econômica do gabinete da vereadora Aldaíza Sposati (PT).
O estudo foi preparado a partir de informações do SEO (Sistema de Execução Orçamentária), que registra o que está sendo efetivamente gasto pela prefeitura. As informações do SEO são fornecidas pelas próprias secretarias.
Segundo o estudo, até agosto deste ano, as secretarias de Educação e de Saúde gastaram, somadas, US$ 363,04 milhões. Ou seja, menos que o destinado para a Secretaria de Vias Públicas, que recebeu US$ 419,41 milhões.
Ainda segundo o estudo, o Mini Anel Viário, os túneis sob o parque Ibirapuera e sob o rio Pinheiros receberam US$ 316 milhões.
Pitta explica a prioridade para obras viárias. Segundo ele, a Lei de Diretrizes Orçamentárias proíbe que novos investimentos sejam feitos antes que compromissos anteriores tenham sido cumpridos.
``Tivemos que acabar as grandes obras viárias por força da lei, e algumas delas excederam os gastos previstos", diz Pitta.
Depois de Vias Públicas, a secretaria mais beneficiada foi a de Transportes –recebeu US$ 224,16 milhões.

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