São Paulo, segunda-feira, 24 de outubro de 1994 |
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Vila assiste a novos filhotes de Formiga Torcedor proteja-se, não vá ao estádio NANDO REIS E MARCELO FROMER
Há algumas semanas o bom humor abandonou nossa coluna em virtude das atrocidades que vêm ocorrendo no cenário futebolístico. Hoje não será muito diferente. Se bem que algumas notícias pitorescas que polvilharam o noticiário recente trazem dose de bom humor. Na Vila Belmiro, onde o time da casa vive tempos de gangorra, alterando bons e maus momentos, parece estar ocorrendo um fenômeno impressionante, que provavelmente encontra explicação na antiga teoria da hereditariedade. Depois de passar pela Vila algumas vezes, o saudoso técnico Chico Formiga parece ver só agora frutos de seu árduo trabalho com o surgimento de uma infinidade de formigueiros enfeitando o gramado santista. Palavra do filho do Rei. Outra notícia temperada de espírito parece vir do além. O ``iluminado" bispo Edir Macedo pretende comprar o Pacaembu e adiantou que tem uma equipe de apóstolos de fazer inveja a qualquer time. No gol o próprio Macedo e mais João, Judas, Marcos e Mateus; Tiago, Lucas, Pedro, Paulo, Felipe e Tomé (Tomé e não Todé!) Mas o grande assunto da semana foi mesmo a violência nos campos de futebol. Inconformados e de mãos atadas parecem estar os cronistas esportivos. O que fazer? Primeiro é bom dizer que este não é um fenômeno ligado exatamente ao futebol, é um problema conjuntural de raízes bem profundas e por isso mesmo de difícil solução; é o nosso país que anda mal das pernas e não nossos jogadores. O que vem ocorrendo nos estádios não tem absolutamente ligação com o futebol em si. Não é porque seu time perdeu ou porque o juiz mais uma vez trinou o seu apito desonestamente que este torcedor começa a agredir quem quer que seja sem propósito algum. Este sujeito nem está olhando para o campo e sim com os olhos à procura de mais uma encrenca. Em cima desse quadro aterrador, que nessa semana que passou fez a sua mais recente vítima, estamos propondo uma atitude radical. A imprensa toda deveria se mobilizar e promover uma semana de ausência das torcidas nas arquibancadas. Um boicote aos jogos para tentar afetar assim aqueles que podem e se recusam a tratar seriamente do problema: dirigentes e confederações. Imaginemos uma rodada inteira do Brasileirão sem nem um membro sequer nas arquibancadas. Seria a imagem mais contundente e fiel dos tempos que estamos atravessando. A renda zero seria o alarme de advertência para o descaso com que estão sendo tratadas essas mortes. Torcedor proteja a si mesmo, não vá ao estádio! Quem foi o gênio que inventou o formato e as regras do Campeonato Brasileiro de 94? Resposta: ``Um torturador desempregado, chegado a uma retranca e amigo do Zagalo". (Davi Silva, de São Paulo) Cartas devem ser enviadas à Folha, Esporte, Al. Barão de Limeira, 425, 4º andar, Campos Elíseos, CEP 01290-900, São Paulo. Marcelo Fromer e Nando Reis são músicos da banda Titã Texto Anterior: Remo empata com o Criciúma por 2 a 2 Próximo Texto: Leon Spinks é nocauteado no 1º assalto Índice |
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