São Paulo, segunda-feira, 24 de outubro de 1994
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Garotas e mais garotas por todos os lados, por aqui e por lá

ANDRÉ FORASTIERI
ESPECIAL PARA A FOLHA

A presença crescente de garotas em bandas é saudável, civilizatória e agradável aos sentidos (podem me chamar de porco chauvinista que eu não ligo). Mais: o fato de ser composto por, ou ter, garotas na formação pode dar outra sensibilidade e outro jeito ao grupo. Alguém acha que Breeders seria igual se fossem quatro caras?
A coisa não é nova –está mais para cíclica. Claro que de vez em quando as garotas voltam com mais força –dois anos atrás foi aquela onda das ``rrriot grrls", alguém lembra?
Agora começa de novo. A edição de 6 de outubro da ``Rolling Stone" foi ao ponto de bancar uma edição especial ``Women In Rock", estrelada por Chrissie Hynde, Joan Jett, Madonna, Tori Amos, Me'Shell Ndegé, Ocello, L7, Courtney Love, do Hole, e Kim Gordon, do Sonic Youth. Na capa, representando o lance todo, Liz Phair.
Liz é aquela figura que estreou fazendo uma resposta feminina, canção por canção, ao clássico dos Stones ``Exile On Main Street". Falei dela há um ano (já!), dizendo que qualquer garota que canta uma música chamada ``Fuck And Run" tinha inegáveis méritos.
Quando tinha 13 anos, andava com uma magricela grandona chamada Julia Roberts. Começou a fazer música na faculdade, junto com bandas como Codeine, Come e Bitch Magnet. Liz tem 26 anos, cérebro, senso de humor e nenhum medo.
No Brasil, idem ibidem, principalmente entre os grupos mais novos. É banda só de mulher, banda que tem mulher e elas aparecem, banda que podia ser só de homem mas tem menina, banda muito tipicamente feminina ainda que tenha homem –enfim, tudo, para todos os gostos.
Você pode reparar especialmente nas presenças femininas do Party Up e de duas boas bandas campineiras, No Class e Linguachula (entre outros). Mas nem só de bandas novinhas em folha vive o rock'n'roll.
Então, repare também no Diorama. A banda, comandada por Maria e Ana Ruth tem três anos. Agora, votou a dar as caras, com Edson X (ex-Akira S., ex-Gueto, veterano baterista do underground paulistano). Sexta passada, no Columbia, foi o lançamento do clip e do show da banda. Ambos bem caprichados e bem amarrados.
Nos bastidores, é também a primeira produção da Bold, empresa montada pela Lara Ribeiro (que era do Banguela) e a Ana Paula Belotto. A idéia das duas é bem interessante: produzir profissionalmente de cabo a rabo, dos palpites sobre a demo à capinha, do visual do release ao show e à divulgação e o que mais for necessário. Serviço completíssimo, para gente nova ou nem tanto –como o Capital Inicial, com quem elas também estão começando a trabalhar. Se interessou, e não tem muito como não interessar se você está começando, anote o telefone da Bold: (011) 814-1639.
Quer dizer: garotas e mais garotas, da capa da ``Rolling Stone" aos palcos brasileiros aos bastidores paulistanos. Estou gostando.

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