São Paulo, segunda-feira, 24 de outubro de 1994 |
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Inglaterra ameaça proibir festas `rave'
ROGÉRIO SIMÕES
Conhecido como CJB (Criminal Justice Bill), a lei anti-crime do governo também aumenta o poder da polícia para prender jovens viajantes (os ``travelers") que ocupam terrenos e prédios desocupados. Apresentado há um ano pelo ministro do Interior, Michael Howard, o projeto recebeu críticas da imprensa e de organizações de direitos civis. Mas quem realmente decide, o Parlamento, apóia em massa as medidas. Segundo as lideranças que lutam contra o CJB, o projeto não deve ter mais do que cem votos contrários. Um dos que condenam a nova lei é o deputado trabalhista Tony Benn. ``É basicamente um ataque às liberdades individuais.". Ele critica principalmente um ponto do projeto, que acaba com o direito ao silêncio por parte de quem é detido. ``Se você não responder alguma coisa, presume-se que você é culpado." O lançamento do projeto fez com que vários grupos fossem organizados apenas para combatê-lo, como o Freedom Network (Rede Liberdade) e o Advance Party (Partido do Avanço). Carolyn Harris, 19, do Freedom Network, diz que os jovens não vão se acomodar, mesmo depois de a lei ser aprovada. ``Eu acho que as pessoas vão tentar quebrar a lei", afirma. Um dos argumentos do governo contra as ``raves", feitas geralmente em lugares abertos, com entrada grátis, é de que elas são um ponto de consumo de drogas. A teoria ganhou força depois das mortes de Andrew Stoddart, 20, e James McCabe, 21, meses atrás, por consumo de ecstasy. ``Você não pode proibir um evento por causa da possibilidade de as pessoas tomarem drogas", diz Tony Benn. ``Se as pessoas vão às `raves' para tomar drogas, é porque elas vão tomar drogas em qualquer outro lugar", afirma Debby Staunton, do Advance Party. O projeto tem feito com que vários viajantes, que criam comunidades alternativas em áreas desocupadas, se mudem para a Irlanda, onde a legislação é mais tolerante. No último dia 9, uma grande passeata contra o projeto no centro de Londres reuniu cerca de 50 mil manifestantes. Houve confronto com a polícia, 26 pessoas foram presas e 25 lojas tiveram os vidros quebrados. A cena pode se repetir em novembro, quando um fim-de-semana será reservado para uma série de manifestações contra a lei. As entidades pretendem mostrar que ninguém vai cumpri-la e que os jovens continuarão com as suas festas. Autorizados ou não. Texto Anterior: Hojerizah e Picassos Falsos voltam em CD Próximo Texto: Grupos se unem em defesa de `squatters' Índice |
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