São Paulo, segunda-feira, 24 de outubro de 1994
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Opções vão do `acid jazz' ao `mainstream'

CARLOS CALADO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Quem não estiver interessado apenas no elenco do Free Jazz, vai encontrar nas lojas novidades para todos os gostos. A começar pelo ``acid jazz" de Branford Marsalis, que adotou o bem-humorado pseudônimo de Buckshot LeFonque, em seu primeiro CD dedicado à fusão do jazz com o rap.
Com produção do DJ Premier (da banda Gangstarr) e participações de vários jazzistas, como Delpheayo Marsalis, Roy Hargrove, Kenny Kirkland e Darryl Jones, Branford aprofunda mais ainda o abismo musical que o separa do irmão Wynton, misturando até reggae em seu jazz rap.
Mas os fãs mais puristas, que preferem o jazz ``mainstream", não têm do que reclamar. Podem se deliciar com muitos ``standards" improvisados por mestres do saxofone, como Sonny Rollins (que no CD ``All the Things You Are" tem a parceria do pioneiro Coleman Hawkins), John Coltrane (no sublime ``Ballads"), Benny Carter (``All of Me") e Eddie Harris (``There Was a Time").
Há ainda o encontro do violinista francês Stephane Grappelli com o pianista canadense Oscar Peterson. Vinte anos atrás, eles recriaram com muita sensibilidade clássicos como ``Makin' Whoopee", ``Then There Eyes" e ``My One and Only Love".
Mais moderno é ``Pythycanthropus Erectus", álbum que o baixista e compositor Charlie Mingus gravou em Paris, em 1970, acompanhado por discípulos ilustres como o pianista Jacky Byard e o baterista Dannie Richmond. O raivoso ``hard bop" de Mingus foi um precursor do ``free jazz".
Outro mestre do ``bebop" é o trompetista Dizzy Gillespie, que ressurge em um de seus últimos projetos musicais: a United Nation Orchestra. Em 1990, essa deliciosa ``big band" de feras do jazz latino destacava os cubanos Paquito D'Rivera e Arturo Sandoval, além dos brasileiros Claudio Roditi, Airto Moreira e Flora Purim.
Os fãs das fusões eletrônicas têm duas opções do selo CTI, que volta a ser distribuído no país pela Top Tape. ``The Power of Cool" marca a adesão do saxofonista Donald Harrison (outro ``neo-bopper" da geração Marsalis) à ``fusion". Menos comercial é ``Music on the Edge", álbum da banda Chroma, formada por astros do jazz-rock, como o trompetista Randy Brecker e o guitarrista Mike Stern. A idéia do grupo é resgatar o caráter experimental que essa fusão assumia quando nasceu, no final dos anos 60.
O blues também está representado. J.J. Jackson, cantor norte-americano que tem passado longas temporadas no Brasil, lança seu primeiro disco gravado aqui. O animado blueseiro mistura composições próprias com clássicos de James Brown, Wilson Pickett e Little Richard.
Outra incursão do selo Velas nesse gênero é a caixa ``Blues & Soul", que reúne nomes como James Brown, B.B. King, Etta James, John Lee Hooker, Temptations e Supremes. Apesar da constelação de astros e estrelas, nem todas as gravações da Alldisc primam pela qualidade sonora. Os quatro CDs da caixa podem servir como uma introdução ao universo do soul e do blues, mas pela seleção irregular e masterização idem não são indicados para os fãs mais exigentes.

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