São Paulo, segunda-feira, 24 de outubro de 1994
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Free Jazz enche lojas com muitas novidades ;Sax eclético ;Soul e funk

CARLOS CALADO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Já virou costume. Todos os anos, na época do Free Jazz Festival, as lojas de discos recebem dezenas de lançamentos. As gravadoras aproveitam o embalo não só para lançar trabalhos dos artistas do evento, mas também para desovar itens de seus catálogos de jazz e blues.
Descontados possíveis atrasos das fábricas de discos, que já não estão conseguindo acompanhar o aumento de consumo, 26 novidades chegarão ao mercado brasileiro até o próximo mês, incluindo dois vídeos com artistas do Free Jazz. Mesmo quem não for aos shows, no Palace ou no Teatro Nacional do Rio, tem a chance de promover um animado festival doméstico (veja a relação dos títulos à direita).
Quem se decepcionou com a ausência de Mel Tormé pode reduzir a frustração com o CD ``In Hollywood". O cantor norte-americano aparece em gravações de dezembro de 1954, registradas ao vivo, no Crescendo Club de Los Angeles. O trio que o acompanha prima pela discrição. Permite que a voz aveludada de Tormé ocupe o centro da cena musical e possa brilhar com a classe de sempre.
Além de três composições próprias, incluindo a natalina ``The Christmas Song", o repertório de Tormé é geralmente de primeira: 17 canções clássicas compostas por experts como os irmãos Gershwin (``Our Love Is Here to Stay"), Cole Porter (``Get Out of Town"), Johnny Mercer (``That Old Black Magic") e a dupla Rodgers & Hart (``Blue Moon").

Sax eclético
Joshua Redman, a grande revelação do jazz nos últimos anos, usa seu terceiro álbum para se firmar também como compositor. Assina todas as 11 faixas do CD ``Mood Swing", tendo a seu lado um trio de músicos jovens e talentosos, com destaque para o contrabaixista Christian McBride e o pianista Brad Mehldau.
Como vem demonstrando desde seu disco de estréia, Joshua transita com naturalidade por quase todos os estilos do jazz. Abre o disco com um blues sensual (``Sweet Sorrow") e o fecha com um funk semi-acústico (``Headin' Home"). Nesse meio-tempo, ataca de gospel (``Faith"), ``Mainstream" (``Rejoice"), ``free jazz" (``Dialogue") e até bossa-nova (``Alone in the Morning"). Joshua é a própria imagem do jazz contemporâneo, cada vez mais eclético.

Soul e funk
Já no novo ``Did You Feel That?", Sample junta-se à The Soul Commitee, uma banda afiadíssima que inclui o guitarrista Michael Landau e o baterista Steve Gadd. A idéia é fazer uma releitura instrumental (e levemente jazzística) do rhythmn & blues e da soul music, através de nove composições de Sample mais a clássica ``The Sidewinder" (do trompetista Lee Morgan).
Até o selo Velas, especializado em música popular brasileira, resolveu aproveitar o Free Jazz para disputar os consumidores de soul, funk e rhythm & blues. Está lançando ``Father of Soul", uma coletânea ``papa" James Brown, editada originalmente pelo selo Alldisc. Apesar da falta de fichas técnicas, o CD inclui 15 dos maiores sucessos do cantor, em registros ao vivo.
Entre outros, aparecem os hits ``Please, Please, Please", ``I Got You (I Feel Good)", ``Cold Sweat", ``Try Me", ``It's Too Funky Here" e ``Papa's Got a Brand New Bag". A qualidade sonora das gravações nem sempre é boa, mas o CD não deixa de ser uma razoável amostra das eletrizantes performances do ``godfather of soul".

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