São Paulo, quinta-feira, 27 de outubro de 1994
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PP comanda postos estratégicos da Saúde

Cargos ocupados pelo partido definem convênios

FERNANDO GODINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro Henrique Santillo entregou o Ministério da Saúde para o PP, partido ao qual é filiado.
A Folha apurou que desde a sua posse, em setembro de 93, o PP passou a comandar os postos mais estratégicos do ministério.
Os cargos de confiança ocupados por pessoas ligadas ao PP movimentam a principal fatia do orçamento do Ministério da Saúde.
Entre eles está a Gerência de Convênios do ministério, que centraliza todos os convênios feitos pela pasta.
Só neste ano, estes convênios provocaram a liberação de mais de R$ 100 milhões em recursos orçamentários.
Na última segunda-feira, o secretário de Vigilância Sanitária, João Geraldo Martinelli, denunciou um suposto esquema de corrupção no ministério que teria sido montado para favorecer o PP e financiar a campanha da candidata do partido ao governo de Goiás, deputada Lúcia Vânia.
Santillo, que já foi governador de Goiás, afastou Martinelli do cargo há uma semana. Ele disse ter agido a pedido da comissão interna que apura as denúncias.
A Gerência de Convênios do ministério é coordenada por Wagner Azara, vereador licenciado do PP em Anápolis, principal reduto político de Santillo em Goiás.
Na estatal Ceme (Central de Medicamentos), o PP é representado pelo diretor de Divisão e Operações, José Gomes Filho, que chegou a presidir a estatal no início da gestão Santillo.
O secretário de Administração Geral do Ministério da Fazenda, Sebastião Grillo, também foi indicado para o cargo pelo PP.
O presidente do Instituto Nacional de Alimentação e Nutrição, Carlos Alberto Guimarães, também é ligado ao PP.
A presença do PP também acontece no gabinete do ministro Santillo, onde seus principais assessores são ligados ao partido.
Vigilância Sanitária
A principal frente de atuação do PP no Ministério da Saúde aconteceu na Secretaria de Vigilância Sanitária, atual foco das investigações feitas pelo ministério da Saúde e pela SAE (Secretaria de Assuntos Estratégicos) da Presidência da República.
Atendendo a uma indicação do senador Meira Filho (PP-DF), Santillo nomeou Ronan Tannus como titular da Vigilânicia Sanitária. O líder do PP no Senado, senador Irapuan Costa Júnior (GO), indicou Leia Márcia como chefe de gabinete de Tannus.
Em maio, Tannus foi demitido pelo secretário-executivo do ministério, Deoclécio Campos Júnior, que ocupava interinamente a pasta. Na semana passada, Campos Júnior também foi afastado do seu cargo pelo ministro Santillo.
A Folha apurou que Tannus foi afastado por determinação direta do Palácio do Planalto.

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