São Paulo, quinta-feira, 27 de outubro de 1994
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ÉItamar quer que militares subam morro

RUI NOGUEIRO; WILLIAM FRANÇA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Itamar quer que militares subam morro
Falta de credibilidade da polícia teria convencido o presidente de que Exército deve assumir comando da operação
O presidente Itamar Franco quer que o Exército suba os morros do Rio e assuma totalmente o comando da operação contra a violência.
A cúpula das Forças Armadas preferia coordenar a operação e deixar a subida ao morro para as políciais Civil, Militar e Federal.
Itamar trabalha agora para, no encontro de segunda-feira, às 16h, com o governador Nilo Batista, convencê-lo a pedir a colaboração do governo federal e a aceitar a decretação do Estado de Defesa –medida constitucional que permite uma intervenção federal sem afastar o governador do cargo.
Se Nilo aceitar, a medida será anunciada como uma decisão conjunta, da União e do Estado do Rio. Itamar deverá deixar claro que ele é que está convocando o Exército para assumir a missão.
Para decretar o Estado de Defesa, Itamar precisa convocar o Conselho de Defesa Nacional e o Conselho da República. Até ontem, o Senado não tinha indicado os seus dois representantes no Conselho da República. A pedido do Planalto, o Senado elegeu ontem Francisco Rollemberg (PMN-SE) e Alfredo Campos (PMDB-MG).
O relatório do ministro Dupeyrat convenceu Itamar que o Exército precisa ser o ator principal da operação. A situação das polícias –corrupção e falta de credibilidade, o que provoca a reação agressiva da população– exigiria que o Exército subisse o morro.
O plano apresentado pelo Comando Militar do Leste ao ministro Dupeyrat prevê intervenções localizadas nos morros que foram mapeados como os centros que irradiam a violência e comandam o narcotráfico e o contrabando.
Os militares não querem uma operação ostensiva por todo o Rio com carros blindados espalhados pelas ruas. A intervenção nos morros pré-determinados criaria as ``zonas liberadas". Na prática isso significaria ``limpar" o morro da autoridade dos traficantes e restabelecer a ``vida normal".
Oficialmente, Itamar não admite que vai decretar o Estado de Defesa. ``Não, não tem nada disso", disse ontem o presidente durante uma visita ao Senado.
O Estado de Defesa é a forma mais branda de o governo federal interferir na administração estadual, segundo a Constituição. Estão previstas ainda a decretação do Estado de Sítio e a intervenção. Nos três casos, é preciso autorização do Congresso.
(Rui Nogueira e William França)

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