São Paulo, quinta-feira, 27 de outubro de 1994
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Moradores de Ramos aprovam Exército na favela

RONI LIMA
DA SUCURSAL DO RIO

A experiência pioneira de ocupação permanente de uma favela pelo Exército completou um ano com o apoio de moradores das comunidades de Ramos e Roquette Pinto, no bairro de Ramos (zona norte do Rio).
``Agora, temos muita paz e segurança, eles (o Exército) não podem sair daqui", afirma Célia Cristina de Azevedo, 25, moradora da Roquette Pinto.
Com 14 mil moradores, as favelas são vizinhas ao 24º BIP (Batalhão de Infantaria Blindada) e, no ano passado, foram palco de disputa entre duas quadrilhas rivais do tráfico de drogas.
Em outubro de 93, em dois dias de tiroteio, balas perdidas acertaram o quartel, ferindo um soldado e assustando os militares. O Exército passou então a promover rondas diárias nas favelas.
``Agora está muito melhor, temos muito mais tranquilidade", diz o vice-presidente da Associação de Moradores de Roquette Pinto, Denilson de Mello, 20.
Diariamente grupos de 30 a 50 militares fazem várias rondas a pé ao longo de 24 horas.
Moradores afirmam que ainda circulam nas favelas traficantes de segunda linha vendendo drogas, mas em pequeno volume e sem qualquer afronta armada.
O 24º BIP montou também uma guarita num pontilhão sobre as águas da baía de Guanabara, nos fundos da favela, para que soldados observem a chegada e saída de barcos. Os traficantes costumavam entrar de barco nas favelas com armas e drogas.
Para coibir o tráfico, o 24º BIP começou também a infiltrar agentes nas ruelas das favelas.
Mello diz que a maior incógnita é como os soldados do Exército se comportarão no futuro, quando se sentirem ``donos do pedaço".
``Já vi três soldados à paisana no forró daqui com armas na cintura", diz. Segundo ele, há um mês, no forró, um soldado bêbado discutiu com um rapaz e puxou sua arma, intimidando-o.

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