São Paulo, quinta-feira, 27 de outubro de 1994
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FHC apóia intervenção na polícia

CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A PRAGA

FHC apóia intervenção da polícia
O presidente eleito Fernando Henrique Cardoso disse ontem que o Rio de Janeiro vive uma situação de "guerra civil não declarada".
Por isso, FHC apóia uma eventual intervenção do Exército nas polícias Civil e Militar do Estado, para o que diz que planos de contingência vêm sendo elaborados há algum tempo.
O presidente eleito insinua até que uma parte desses planos (a infiltração nos morros cariocas de agentes de informação militares) já deve ter sido executada.
FHC teme que a guerra civil não declarada se torne aberta, na hipótese de as quadrilhas resistirem a uma eventual operação militar. "Aí, vai ser guerra mesmo", diz o presidente eleito.
O Rio ocupa uma evidente posição de destaque na agenda de FHC, até porque ele acha que a situação chegou ao limite.
"Não se pode permitir que o Rio continue em permanente depressão", comentou com os jornalisas na cafeteria do Hotel Savoy, onde se hospeda em Praga.
FHC citou como exemplos mais recentes do que chamou de "depressão" a anulação das eleições para deputados federais e estaduais e a imposição, pelas quadrilhas, de toque de recolher em certas áreas da cidade.
"Fraudes localizadas (nas eleições) podem ocorrer aqui e ali, mas dessa forma maciça é demais", afirmou.
Convém deixar claro que a intervenção que FHC apóia é no comando da polícia apenas, não no Estado em si.
Só assim, acredita, seria possível coibir a corrupção do aparelho policial, que o transformou em totalmente ineficaz. Saneada a polícia, cessaria a intervenção militar.
FHC acha que as Forças Armadas não devem se transformar em polícia, sob pena de serem contaminadas pelos esquemas de corrupção que giram em torno do jogo do bicho, do narcotráfico e do contrabando de armas.
Defende igualmente a tese de que a intervenção deveria fazer parte de "um esquema mais amplo".
Traduzindo: deve haver um reequipamento da Polícia Federal, para que ela possa efetivamente combater o narcotráfico, o principal e bilionário negócio que está na origem da violência, mas não se limita exclusivamente ao Rio.
Deveria haver igualmente, sempre na opinião de FHC, um sistema de informações que permitisse identificar e prender os chefões do crime organizado, outra operação em que o Rio seria apenas uma das áreas envolvidas.
No caso específico do Estado FHC prega também "reviver o Rio" em termos econômicos.
Menciona, como áreas de revitalização possíveis, o porto de Sepetiba, a indústria naval e um polo de alta tecnologia. Além, é claro, do turismo, cuja recuperação passa igualmente pela questão da segurança.

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