São Paulo, quinta-feira, 27 de outubro de 1994
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O futebol no tempo do teatro e do rap

MATINAS SUZUKI JR.
EDITOR-EXECUTIVO

Meus amigos, meus inimigos, todos nós sabemos que o futebol é um teatro –com palco, atores, diretores– é um drama em dois atos etc.
Mas agora a bola e o teatro se fundiram totalmente em São Paulo.
O Edmundo vai ao palco do ator Eric Johnson.
E a Bia Lessa leva um time inteiro para o palco. Armou o seu futebol teatral.
A flamenguista Bia Lessa está impressionada com o Marcelinho. Só você, Bia... e a torcida do Corinthians.
Já rolava o casamento entre a bola e a música. Agora, rola o casamento entre a bola e o teatro.
E os padrinhos desta união são ilustríssimos. Um chama-se Nélson Rodrigues. O outro: Décio de Almeida Prado.
Os homens que viram o apolíneo e o dionisíaco no futebol.
Lembre-se: futebol é catarse.
Enquanto a bola rola bonita nos gramados e no palcos, São Paulo vê um outro esporte: a jam de rap.
Futebol em grande parte é improviso. Jam é improviso. Já havia um jam de jazz. Agora há jam de rap.
Imagine o Pacaembu com Marcelinho, Amoroso e Sávio.
Pois o Cha-Cha-Cha esteve assim: os melhores rappers do Free Jazz para a festa dos nossos trapos coloridos. Noite memorável. Época memorável.
O futebol é consequência de tudo. Poucas vezes na vida vi São Paulo tão exuberante, com tanta oferta de informação, de cultura, de eventos.
Com tanta oferta de vida.
E o futebol paulista está nesta canoa.
(Apesar das mortes, da barbárie delinquencial nas arquibancadas, apesar de tanta dor).
As adolescentes, as teens, que não tiram a camisa do São Paulo, do Palmeiras, do Corinthians.
Esta é a verdadeira moda. A moda de vida.
Nunca foi tão verdade o verso (e o reverso): São Paulo é como o mundo todo.
E alô, alô seu Zagalo, que tal estrear a nova camisa amarelinha das quatro estrelas com os cinco? Com os cinco novos bambas, os cinco do poder ultra-jovem:
Marcelinho, Amoroso, Sávio, Juninho (ou o Preto) e Marques. Por que não?

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