São Paulo, quinta-feira, 27 de outubro de 1994
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Petróleo ainda ameaça o Ártico

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Funcionários russos foram ontem para a região de Komi tentar diminuir os danos do que deve ser o pior vazamento de petróleo no país. Um oleoduto rompido derramou o óleo sobre 68 km2 do solo gelado do extremo norte russo.
O petróleo já atingiu alguns rios e pode chegar ao rio Pechora e cair no mar Ártico. Segundo ecologistas, a chegada do inverno vai impedir em breve o trabalho de retirada do óleo e as medidas necessárias devem ser tomadas já.
A natureza do local dificulta os trabalhos de limpeza. A região é pantanosa e a tundra (vegetação rasteira de regiões muito frias) age como uma esponja e absorve o petróleo, que depois atinge os cursos de água.
Quando começar a nevar, nos próximos dias, o petróleo vai ficar coberto até o degelo da primavera e será impossível controlar o derramamento do petróleo nos rios.
Há divergências sobre a quantidade de óleo derramado. O Ministério da Energia dos Estados Unidos, o primeiro a revelar o acidente, fala em 272 mil toneladas. A mesma cifra é citada pelo Greenpeace dos EUA.
A Komineft, companhia responsável pelo oleoduto, diz que foram 14 mil toneladas. Segundo o Ministério das Emergências da Rússia e organizações ecologistas da região, foram 30 mil toneladas.
O acidente com o petroleiro Exxon Valdez nas costas do Alasca em 89 –um dos piores acidentes ecológicos da história– derramou 37,5 mil toneladas direto no mar.
Valentina Semiachkina, chefe do Comitê para Preservação do Rio Pechora, acusou a companhia de petróleo de irresponsabilidade.
``Apesar do fato de terem sido descobertos 23 buracos no oeloduto em agosto, a Komineft continuou bombeando óleo como se nada tivesse acontecido". Ela não descarta a possibilidade de o óleo chegar ao Pechora e ao mar de Barents. ``Já aconteceu antes", disse.
Os buracos foram encontrados perto de Usinsk. Segundo a companhia, foram erguidos diques para evitar que o óleo se espalhasse e o duto foi reparado. Os diques foram rompidos pelas chuvas do final de setembro.
Os ambientalistas dizem que o oleoduto deveria ter sido trocado em 1990. Seu mau estado de conservação torna possível a repetição de um vazamento.
O ministro das Emergências, Sergei Shoigu, disse que o acidente já provocou perdas de cerca de US$ 20,3 milhões.
Ele negou que a bacia do Pechora esteja em perigo mas disse que o ministério foi ``enganado pela companhia de petróleo".
Para o vice-ministro da Ecologia Viktor Kostin, ``a situação ecológica é séria mas não há desastre".

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