São Paulo, quinta-feira, 27 de outubro de 1994
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Triunfo da razão

O dia de ontem representou para o mundo uma daquelas raras ocasiões em que se celebra a paz e não a guerra. O histórico acordo firmado entre Israel e Jordânia prova que o ser humano é por vezes capaz de agir com racionalidade superando até mesmo quase meio século de ódio e beligerância.
Com a paz entre israelenses e jordanianos, já são dois dos quatro países árabes vizinhos ao Estado judeu a normalizarem suas relações com Tel Aviv. Israel e o Egito assinaram a paz em 1979. Espera-se agora que a Síria e o Líbano (este fortemente influenciado por Damasco em sua política externa) sigam os mesmos passos.
Como o governo israelense também já concluiu um acordo com a OLP (Organização para a Libertação da Palestina) de Iasser Arafat, um cenário que era quase impensável poucos anos atrás –a paz no Oriente Médio, uma das regiões mais conturbadas do planeta desde o fim da Segunda Guerra Mundial– começa a tornar-se próximo da realidade.
Diferentemente da paz firmada com o Egito, à qual se seguiram vários anos de relações bilaterais bastante frias, o acordo agora assinado prevê uma série de mecanismos de cooperação no comércio e na otimização dos parcos recursos naturais da região.
Mas as boas notícias não devem obnubilar a visão da realidade. Tanto do lado dos israelenses como dos árabes existem grupos radicais que, agindo numa estranha e inesperada aliança, tudo farão para sabotar o processo de paz. Os recentes atos terroristas de parte a parte e as ameaças de que haverá ainda mais violência são um testemunho eloquente da radicalidade obtusa desses grupos.
De qualquer forma, o dia de ontem vai entrar para a história como o dia em que dois Estados profundamente marcados por 46 anos de guerras e pérfidas agressões mútuas decidiram esquecer esse triste e doloroso passado para que cada um de seus cidadãos possa viver melhor. É o triunfo da razão.

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