São Paulo, sexta-feira, 28 de outubro de 1994
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Mais um dia

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Segunda-feira está longe e vão-se acumulando manchetes tiradas do Rio. A sequência de ontem no SBT, Record, Globo, Bandeirantes e CBN.
– Rio de Janeiro vive mais um dia de violência.
– A violência não pára.
– Pela segunda vez no ano, a polícia carioca colocou os brucutus na rua. Foi para conter distúrbios na zona norte.
– Escolas foram fechadas no Rio de Janeiro, com medo de um confronto entre a polícia e os traficantes.
– Violência no Rio. Gerente de multinacional foi fuzilado por armamento pesado.
– Tumulto na chegada do bicheiro Castor de Andrade ao Rio de Janeiro. Ele diz que queria se entregar, mas que o advogado não deixou.
– Traficantes ameaçaram invadir DPs.
– Ordem dos Advogados do Brasil decide apoiar decretação do estado de defesa para o combate ao banditismo no Rio de Janeiro.
Acompanhando a onda, veio tudo o que há de ruim, ainda que talvez sem ligação direta com crime organizado. Assim, dois exemplos:
– Morre o torcedor baleado no Maracanã, no último fim-de-semana.
– Justiça Eleitoral interroga acusados de fraudar as eleições no Rio de Janeiro.
– O Ministério Público já está com dezenas de nomes de candidatos favorecidos com os votos fraudados nas eleições do Rio e acredita no envolvimento de cinco mil pessoas.
O acúmulo das más notícias foi tamanho que poderia forçar Itamar Franco a decidir-se –antes da reunião de segunda. Era o que indicava uma outra manchete de ontem:
– Ministro da Justiça está reunido com governador do Rio. Da reunião poderá sair a decisão de intervenção.
Mais para a frente, porém, anunciou-se que os dois apenas acertavam detalhes de agenda. Para segunda-feira.
Prêmios
Enquanto se trata do Rio de Janeiro e da intervenção, em toda parte, vão chegando ao Senado os melhores amigos do presidente, para ganhar cargos de consolação, depois de terem caído em desgraça.
O primeiro foi Maurício Corrêa, que deu vexame no Carnaval para depois tornar-se ministro do Supremo. Ontem, como mostrou a Bandeirantes, foi a vez de Rubens Ricupero. Indicado para Roma.

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