São Paulo, sexta-feira, 28 de outubro de 1994
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Indústria pode atrasar imposto

ANTONIO CARLOS SEIDL
DA REPORTAGEM LOCAL

Mario Bernardini, diretor titular do Departamento de Economia da Fiesp, disse ontem que o arrocho ao crédito pode causar problemas de fechamento de contas das empresas em novembro e dezembro.
``Algumas empresas vão ter que deixar de pagar os salários ou alguma outra coisa,
provavelmente tributos", afirmou.
``O aumento dos juros e a redução de crédito podem levar a isso", disse.
``Se os juros sobre o empréstimo bancário for maior do que os juros mais multas sobre impostos, o que o empresário vai escolher?", indagou.
``Não tenho dúvida de que muitas pequenas empresas vão optar por deixar de pagar tributos em vez de deixar de comprar matéria-prima para aumentar a produção para atender a demanda sazonal de fim de ano", disse. O não-pagamento de impostos e fornecedores, são apenas hipóteses.
Bernardini confirmou que a Fiesp espera o anúncio de medidas de estímulo à produção e aos investimentos no pronunciamento que o ministro Ciro Gomes deve fazer hoje à noite.
Ciro teria dito anteontem ao presidente da Fiesp, Carlos Eduardo Moreira Ferreira, que apresentaria ``uma boa surpresa" nesta sexta-feira.
Bernardini afirmou que entre as medidas mais aguardadas pela indústria estão a retirada dos juros de curto prazo, tais como a TR nos financiamentos do Finame (do BNDES) e a redução dos custos e alongamento de prazo nos créditos para investimentos.
``Não sabemos o que o ministro vai anunciar, mas esperamos qualquer medidas que venha a desonerar a produção e o investimento."
A Fiesp, disse Bernardini, acredita que o compulsório de 15% sobre os empréstimos financeiros pressiona os custos e cria um fator de incerteza por causa da escassez de crédito quando as empresas precisam de capital para aumentar a produção e pagar o 13º salário.
Reunido ontem, o Conselho Superior de Economia da Fiesp, concluiu que ainda é cedo para quantificar os efeitos das medidas de restrição ao crédito sobre o consumo. Há concordância de que o arrocho ao crédito penaliza a produção.

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