São Paulo, sexta-feira, 28 de outubro de 1994
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Brasil quer enfatizar economia na agenda para o encontro de Miami

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

A exemplo de outras delegações da América Latina e Caribe, o Brasil quer enfatizar a discussão de temas econômicos durante o encontro programado para dezembro, em Miami, para o qual o presidente Bill Clinton convidou os governantes de todos os 33 países da região (exceto Cuba).
Ocorre que os EUA propõem a discussão de 14 pontos que excluem a economia e privilegiam assuntos como democracia e combate ao narcotráfico.
A divergência transpareceu na abertura do 2º Fórum Mercosul-Nafta, em São Paulo, promovido pela USP e pelo Parlatino.
O secretário-geral do Itamaraty, Roberto Abdenur, insistiu na importância da supressão, nos EUA, das barreiras comerciais e subsídios agrícolas. Também discorreu sobre a necessidade de agências como o Banco Mundial aumentarem seus investimentos nos programas de infra-estrutura do Continente e de acordos multilaterais para transferência de tecnologia.
Outro participante, o ex-presidente Raúl Alfonsín, afirmou, sem nenhuma precaução diplomática, que "a reunião de Miami não será importante", mesmo porque -ironizou- aquela cidade é "péssima" e seu clima pouco agradável.
A rigor, disse José Augusto Guilhon de Albuquerque, especialista na USP em assuntos
internacionais, tanto Abdenur quanto Alfonsín reforçam a idéia de que mecanismos de
integração só se viabilizam com uma dose de oposição a interesses regionais dos EUA.
O presidente nacional da CUT, Vicente Paulo da Silva, disse que, na América Latina, a democracia só será mantida com crescimento econômico e ampliação do mercado de trabalho.

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