São Paulo, domingo, 30 de outubro de 1994
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Camata quer fechar fronteiras do Estado

Candidato promete expulsar `marginais'

FERNANDO MOLICA
DO ENVIADO ESPECIAL A VITÓRIA

Expulso da PM após liderar movimentos reivindicatórios, o candidato do PSD ao governo do Espírito Santo, Cabo Camata, 37, diz que, se eleito, vai dar um prazo de 24 horas após sua posse para que os bandidos deixem o Estado.
Depois, ele afirma que vai fechar as fronteiras do Espírito Santo e comandar a perseguição aos que ficarem.
Segundo Camata, esta determinação não implica atos ilegais. Ele diz que pretende exterminar os grupos de extermínio do Estado.
A receptividade à pregação de Cabo Camata pode ser em parte explicada por números da Polícia Militar.
Entre janeiro e agosto de 1993, houve 524 homicídios e 14 sequestros no Estado. No mesmo período de 1994, os números subiram para 614 e 28, respectivamente.
A seguir, trechos da entrevista de Camata à Folha.
Folha - O que o sr. propõe para acabar com a criminalidade?
Cabo Camata - Vou prender ou expulsar os marginais. Vou cair em cima deles com mão-de-ferro. Vou dar a eles o tratamento que dão à população.
Folha - Como assim? O Estado não tem que respeitar limites em sua atuação?
Camata - Tudo o que os policiais fizerem dentro do cumprimento do dever legal terá o amparo do meu governo. Um dia depois de minha posse, vou fechar as fronteiras do Estado e botar os coronéis na rua para combater o crime.
Folha - O sr. disse que só faria alianças com o povo e que procuraria os eleitores dos derrotados. Mas o sr. tem buscado apoios de políticos. Não é uma contradição?
Camata - Estou conversando com pessoas, de forma aberta. O que não faço é negociar cargos ou propostas de governo.
Folha - O que o sr. diz das acusações de pertencer a grupos de extermínio?
Camata - Isto não existe. Sou contra grupos de extermínio. Vou exterminá-los.
(FM)

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