São Paulo, domingo, 30 de outubro de 1994
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Juiz diz que fraudadores já se articulam no Rio

FRANCISCO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

A apuração das fraudes detectadas no primeiro turno do Rio mal começou, e as quadrilhas de fraudadores já se articulam para a nova rodada eleitoral, no dia 15 de novembro.
O juiz Rudi Loewenkron, da 13ª Zona Eleitoral (Barra da Tijuca, zona sul, e Jacarepaguá, zona oeste), diz que já recebeu, de auxiliares que irão trabalhar no dia 15, queixas de que estariam sendo ``cantados" para participar de esquemas de fraude.
Loewnkron não quis revelar os nomes das pessoas sondadas, mas afirmou que as investidas se deram em várias zonas eleitorais.
A fraude generalizada foi o motivo da anulação das eleições de 3 de outubro para deputados federal e estadual no Rio. Um novo pleito foi convocado pelo TRE (Tribunal Regional Eleitoral) para 15 de novembro, junto com o segundo turno da eleição para governador.
Para Loewenkron, além de o sistema de votação ser arcaico, com várias etapas manuais, a fraude se torna quase incontrolável porque todos os partidos políticos têm ``esse tipo de gente" entre os candidatos. ``Não tem um que possa atirar a primeira pedra", diz.
Loewenkron foi um dos primeiros juízes a detectar a fraude. No dia 8, o apurador Marcos Dias Pereira foi preso após ser pego fraudando votos para o candidato Sotero Cunha (PPR).
Cunha, pastor evangélico, está com prisão preventiva decretada, e seu advogado, Mário Ari Cúri, diz que ele deverá se apresentar à Justiça nesta segunda-feira. Ele teria dado um cheque de R$ 10 mil como parte do pagamento a Pereira.
Na última quinta-feira, a Polícia Federal prendeu, por determinação da juíza Elizabeth Gregory, do 4º Tribunal do Júri, Romeu Tonini Filho, supervisor de Marcos Pereira. Segundo Pereira, ele facilitava seu trabalho de Fraude.
As fraudes no Rio começaram a ser detectadas no dia 7, quarto dia das apurações, quando o juiz Cleber Ghelfenetein, que atua na 24ª Zona (Bangu, zona oeste), prendeu Viviane Beatriz, 21.
Após ser presa, ela denunciou outras seis pessoas que fariam parte do esquema. Todas estão na superintendência da Polícia Federal, onde até o dia 28 estavam presas 17 pessoas, acusadas de fraude.
Junto com a 13ª e a 24ª zonas, a 25ª (Santa Cruz, zona oeste) e a 82ª (Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense) registraram os mais rumorosos casos de fraudes.

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