São Paulo, domingo, 30 de outubro de 1994
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Candidato deve depor na terça

DA SUCURSAL DO RIO

O promotor Mendelsshon Pereira, um dos que estão apurando as fraudes eleitorais no Rio, disse que marcou para esta terça-feira o depoimento de um candidato que afirmou ter dado R$ 60 mil à quadrilha de fraudadores que seria liderada pela grega Maria Stravinou.
Pereira disse que recebeu um telefonema do suposto candidato e que ele prometeu se apresentar para um depoimento, mas não revelou o nome. O candidato teria vendido um imóvel para comprar os votos, mas não teria obtido o resultado previsto na negociação.
O escritório de Stravinou, no centro do Rio, foi ``estourado" no dia 14 pela Corregedoria Eleitoral do Rio, com o auxílio da Polícia Militar. Foram detidas 15 pessoas, mas apenas Stravinou e Roberto Ricardo da Silva, que seria seu sócio, permaneceram presos.
Pereira disse que são cerca de 30 os candidatos que tiveram seus nomes encontrados em listas ou isoladamente no escritório de Stravinou e que são suspeitos de terem comprado ou tentado comprar votos.
Através dos documentos encontrados no escritório de Stravinou, os promotores que investigam o caso descobriram que funcionários do gabinete do presidente da Assembléia Legislativa do Estado, José Nader (PDT), estavam envolvidos com a suposta quadrilha.
Um deles, Alair Silva, o Chicão, teve prisão preventiva decretada e estava foragido até a última sexta-feira.
O promotor disse que a Justiça espera até o dia 15 de novembro ter desvendado a maior parte dos esquemas de fraudes no Rio.
Isso não impedirá que candidatos acusados de serem beneficiários das fraudes participem das novas eleições e sejam eleitos.
Mesmo que seja processado, o beneficiário de fraude que seja eleito só perderá seu mandato após o processo transitar por todas as instâncias judiciais, o que pode demorar o suficiente para o mandato ser concluído.
Eleição comprometida
A sucessão de fraudes gerou pedidos de recontagem dos votos por todos os partidos. No dia 19, o plenário do TRE do Rio decidiu, por unanimidade, tomar uma medida mais radical, anulando as eleições proporcionais.
O argumento foi de que a eleição estava irremediavelmente comprometida pela fraude e que a recontagem dos votos não reverteria os resultados já alcançados pelos fraudadores.

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