São Paulo, domingo, 30 de outubro de 1994 |
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Juízes têm problemas em família
EUNICE NUNES
``Ninguém aguenta um pai ou marido que só decide, que é dono da verdade, que ordena `cumpra-se'. Em sua relação com a comunidade o juiz assume a função de pai. Ele acaba confundindo os papéis e protagoniza em casa o juiz", afirmou Amilton Bueno de Carvalho, juiz criminal em Porto Alegre, durante o Congresso Brasileiro de Direito e Psicanálise. Para Carvalho, no plano psicológico, a natureza do trabalho do juiz é cruel. Ele contou que o juiz sai do fórum repetindo ``cumpra-se (a sentença)", o que acaba provocando nele uma grande prepotência. O juiz tem o poder de decisão de um pai, e as partes –através dos advogados– lhe suplicam que decida. ``A súplica na maioria das vezes é subserviente, o que aumenta a prepotência", disse Carvalho. Segundo o juiz gaúcho, as pessoas têm medo e raiva dos magistrados. ``Ninguém convida o juiz para ir ao bar. Por isso ele acaba tornando-se uma pessoa fechada, fria e sem amigos", exemplificou. Texto Anterior: Direito alternativo extrapola lei Próximo Texto: O Congresso Nacional e as reformas Índice |
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